Fitch mantém nota do Brasil, mas vê cenário político desafiador
A agência de classificação de risco Fitch Ratings afirmou o rating de longo prazo do Brasil em 'BB' e manteve a perspectiva negativa.
A nota do Brasil é limitada, segundo a agência, pela fraqueza estrutural das contas públicas, pelo o alto e crescente endividamento do dívida pública, pela perspectiva de crescimento fraca, por indicadores de governança mais fracos comparado com os pares e episódios repetidos de instabilidade política que prejudicam a formulação de políticas e têm implicações negativas para a economia.
A Fitch ressaltou que os recentes eventos políticos envolvendo o presidente Michel Temer aumentam a incerteza em relação ao processo das reformas e poderia afetar o aumento da confiança e a perspectiva para a recuperação econômica. "A perspectiva para a recuperação econômica do Brasil permanece desafiadora depois de dois anos de recessão", afirmou a agência, que prevê crescimento de 0,5% para o Brasil em 2017 e de 2,5% em 2018, embora o risco permaneça desse avanço ser menor.
"A taxa alta e crescente de desemprego, a desalavancagem das empresas e das famílias e as persistentes incertezas fiscais e políticas têm pesado na recuperação da economia", afirmou a Fitch.
Além disso, o aumento da volatilidade externa e doméstica, um revés na agenda de reformas doméstica que prejudique a confiança e o impacto atenuado do afrouxamento monetário na demanda doméstica representam um risco de baixa para o crescimento econômico, segundo a agência.
As fraquezas do país, segundo a Fitch, são contrabalançadas pela diversidade econômica e pelas instituições civis enraizadas, com uma renda per capita maior do que a média de outros países com rating 'BB'.
A agência ainda destacou que a capacidade do país de absorver choques é ampliada pela taxa de câmbio flutuante, por sua posição robusta das reservas internacionais e por ser credor na dívida líquida externa, além de ter um desenvolvido mercado de dívida pública doméstica.
De acordo com a Fitch, a afirmação do rating brasileiro é sustentada pela recente melhora do ambiente de política econômica, pelo ajuste das contas externas, pela inflação em queda, com melhor ancoragem das expectativas de inflação, e pela aprovação de algumas reformas como a do teto de gastos.
A perspectiva negativa, contudo, reflete contínuas incertezas sobre a perspectiva de recuperação da economia brasileira, a perspectiva para a estabilização da dívida pública no médio prazo dado o grande desequilíbrio fiscal e o progresso da agenda legislativa, especificamente sobre a reforma da Previdência.
Apesar da medida que impõe um teto para o aumento de gastos do governo, a recuperação econômica fraca pode diminuir as receitas e trazer risco para a consolidação fiscal no médio prazo enquanto a pendente aprovação da reforma da Previdência é um ponto-chave para tornar o teto dos gastos públicos viável e sustentar a maior confiança na sustentabilidade da dívida pública, segundo a agência.
A Fitch informou prever que o déficit do governo ficará perto de 8% do Produto Interno Bruto (PIB) durante 2017 e 2018, abaixo dos 9% do PIB de 2016. A dívida pública bruta deve continuar subindo e alcançar perto de 80% do PIB até 2018.
A expectativa da agência é que o governo alcance a meta do resultado primário para 2017, embora os riscos de ficar abaixo do estabelecido ainda persistam.
"O Brasil está entrando em um processo de reformas que, se implementadas, poderia ajudar a contar o crescimento dos gastos públicos no médio prazo", destacou.
A Fitch avaliou que o cenário político permanece desafiador. Apesar de governo conseguir aprovar algumas medidas recentemente e maior governabilidade e o processo de reformas permanecem vulneráveis às consequências da ampliação do âmbito das investigações Lava-Jato, que agora envolve líderes político. "As eleições de 2018 poderiam trazer incertezas", disse.
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