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Impacto da delação da JBS pode frear confiança da indústria, diz FGV

22/05/2017 13h41

O impacto da delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS, que implicou o presidente Michel Temer em suspeitas de corrupção passiva a serem investigadas no Supremo Tribunal Federal (STF), pode interromper a atual trajetória de recuperação do Índice de Confiança da Indústria (ICI) indicador síntese da Sondagem da Indústria da Transformação, da Fundação Getulio Vargas (FGV).


O alerta partiu da coordenadora da sondagem, Tabi Thuler Santos, ao comentar os resultados preliminares do ICI, anunciados hoje, e que indicam alta de 1,2 ponto no indicador de maio em relação ao índice fechado de abril. A coleta de dados para a prévia do índice, que consultou 781 empresas, ou dois terços do total, foi do dia 2 ao dia 17 deste mês. Ou seja, terminou exatamente na última quarta-feira, dia da divulgação da delação de Joesley.


Ela não descarta que a piora do cenário político possa afetar o resultado completo do indicador de maio, a ser anunciado na próxima segunda-feira, dia 29, com possível reflexo também no ICI de junho. Isto porque um dos aspectos que estavam influenciando retomada do ICI, além de juros mais baixos, inflação mais fraca e possíveis sinais de retomada na economia, era o andamento nas aprovações das reformas que agora estariam "paradas", devido ao aumento das incertezas no quadro político.


Esse cenário afeta a condução da política econômica e deve ter reflexo na atividade, ressalta a especialista. "Quanto mais a incerteza reinar, quanto mais tempo a incerteza perdurar, mais impacto na confiança [do empresariado], o que pode ser devastador para a recuperação econômica", disse.


Tabi ressaltou ainda que a prévia dos resultados do ICI também mostrou que o Nível de Utilização de Capacidade Instalada (Nuci) está "parado". O Nuci ficou em 74,5% em maio, não muito diferente do resultado completo de abril, de 74,7%. Ou seja: mesmo antes da delação da JBS, os empresários não estavam vendo demanda interna que justificasse um aumento no uso de capacidade instalada, notou.


"Tivemos uma notícia boa, que são as avaliações sobre situação atual, que melhoraram mais do que as expectativas", afirmou ela. Dos dois subindicadores usados para cálculo do ICI, o Índice de Situação Atual (ISA) subiu 1,3 ponto, para 89,6 pontos, enquanto o Índice de Expectativas (IE) avançou apenas 0,8 ponto, para 95,2 pontos, no resultado preliminar de maio em comparação com o resultado fechado de abril. "Mas é preciso lembrar que o IE ainda está muito mais alto do que o ISA", notou. "Esta prévia mostrou a confiança em linha com o que era esperado, sinalizando processo de recuperação, com as reformas, e fatores econômicos como redução de juros e de inflação", disse, acrescentando que, agora, é preciso esperar os próximos resultados do indicador para avaliar o real impacto da piora do contexto político no humor do empresariado da indústria.