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Moody's: Venda da Eldorado pode transformar setor de celulose na AL

29/06/2017 13h00

A agência de classificação de risco Moody's afirmou em relatório que a possível venda da Eldorado Brasil, controlada pela J&F Investimentos, para uma concorrente latino-americana poderia transformar o setor na região, melhorando as perspectivas de negócios para qualquer uma das quatro grandes principais produtoras de celulose da região da América Latina.


"Todas as grandes produtoras latino-americanas de celulose de fibra curta expandiram significativamente suas capacidades de produção desde 2012", afirmou Barbara Mattos, vice-presidente sênior da Moody's, no relatório. "A consolidação do fragmentado setor de celulose global traria mais disciplina à cadeia de fornecimento".


A J&F considera vender sua participação na Eldorado para outra empresa da América Latina como forma de facilitar o pagamento da multa de R$ 10,3 bilhões relacionada ao acordo de leniência assinado pela holding.


Para analisar os efeitos da operação, a Moody's supõe o pagamento de US$ 1 bilhão pela aquisição, financiada 100% por meio de dívida.


Em todos os casos, a operação elevaria a alavancagem das companhias incluídas no cenário: Fibria, Suzano, CMPC e Arauco.


"No entanto, o efeito da compra da Eldorado sobre os ratings também dependeria de uma análise da Moody?s sobre vários fatores, incluindo o valor do acordo, a estrutura e cronograma de pagamento da transação, os benefícios para o perfil de negócios do comprador, as sinergias envolvidas e o ritmo do processo de desalavancagem", afirma a agência.


Para a Fibria, por exemplo, o caixa e as sinergias gerados pela aquisição ajudariam a fortalecer a posição da companhia como maior produtora de celulose do mundo, mas elevariam a alavancagem medida na relação dívida líquida sobre Ebitda de 5,6 vezes para 6,2 vezes. A Fibria já afirmou publicamente o interesse na compra da Eldorado.


Segunda maior produtora de celulose do mundo, a chilena Arauco também já demonstrou interesse na Eldorado, assinando um acordo de confidencialidade para análise da possível transação.


Na visão da Moody's, a compra pela Arauco, além de consolidar a segunda posição, expandiria a empresa para o Brasil, onde ainda não está presente. A alavancagem, por outro lado, subiria de 4,1 vezes para 5,1 vezes no cenário proposto.


No caso de Suzano e CMPC, a compra faria as companhias ultrapassarem a Arauco, assumindo o segundo lugar de maior produtora de celulose do mundo.


"A Eldorado oferece [para a Suzano] algumas sinergias e benefícios de produção com base em localização que reduziria seus custos de caixa já muito competitivos", defende a Moody's, que projeta um aumento de 4,3 vezes para 5,2 vezes na alavancagem da empresa brasileira.


No caso da chilena CMPC, que já é dona da Melhoramentos no Brasil, além de expandir a operação no país, elevaria a alavancagem de 4,6 vezes para 5,6 vezes, de acordo com a agência.