BC corta juro básico Selic em 1 ponto, para 9,25% ao ano
(atualizada às 18h34) O Comitê de Política Monetária (Copom) reduziu a taxa básica de juros, a Selic, em 1 ponto percentual, de 10,25%, para 9,25% ao ano. A decisão, unânime e sem viés, veio em linha com o consenso de mercado. A taxa é a menor desde agosto de 2013, e o atual ciclo de corte começou em outubro do ano passado com juro em 14,25%.
No comunicado apresentado após a decisão, o colegiado presidido por Ilan Goldfajn afirma que para a próxima reunião, em 6 de setembro, a manutenção desse ritmo de corte dependerá da permanência das condições do cenário básico e de estimativas da extensão do ciclo.
O cenário base descrito no comunicado mostra atividade em estabilização com recuperação gradual, e desinflação difundida inclusive em itens mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, como serviços. O BC também aponta que, por ora, a maior incerteza sobre o ritmo de implementação de reformas e ajustes, notadamente os de natureza fiscal e creditícia, não teve efeito inflacionário ou deflacionário.
Sobre a extensão do ciclo, ou até quanto a Selic pode cair, o Copom diz que isso dependerá de fatores conjunturais e das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira, que é aquela que permite o máximo crescimento com inflação na meta.
"O Comitê entende que a evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia [principalmente das fiscais e creditícias] é importante para a queda das estimativas da taxa de juros estrutural. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo", diz o comunicado.
O BC também justifica a decisão por um corte de 1 ponto, mesmo depois de ter sinalizado, em maio, que o cenário prescrevia um ritmo menor. "O Copom ressalta que a manutenção das condições econômicas, até este momento, a despeito do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia, permitiu a manutenção do ritmo de flexibilização nesta reunião."
O BC encerra o comunicado reforçando que o ritmo do corte de juros continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.
As projeções do BC, considerando Selic a 8% no fim deste e do próximo ano, apontam para Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em torno de 3,3% em 2017 e 4,2% em 2018. O BC também trouxe prognósticos para 2019, com inflação em torno de 4,25%, e 4,0% para 2020.
A meta de inflação é de 4,5%, com banda de 1,5 ponto percentual neste e no próximo ano. Agora em junho, o Conselho Monetário Nacional (CMN) fixou a meta para 2019 em 4,25% e para 2020 em 4%.
No Relatório de Inflação (RI), divulgado no fim de junho, Selic em 8,5% resultaria em inflação de 3,8% no encerramento deste ano e de 4,5% em 2018, recuando a 4,3% no fim da primeira metade de 2019.
Já as expectativas, segundo a Focus, sugerem que Selic a 8% no fim deste e do próximo ano levam o IPCA a 3,33% neste ano e a 4,2% em 2018.
Leia a íntegra do comunicado do Banco Central que anuncia o corte do juro:
O Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic em um ponto percentual, para 9,25% a.a., sem viés.
A atualização do cenário básico do Copom pode ser descrita com as seguintes observações:
O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom permanece compatível com estabilização da economia brasileira no curto prazo e recuperação gradual. O recente aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia impactou negativamente índices de confiança dos agentes econômicos. No entanto, a informação disponível sugere que o impacto dessa queda de confiança na atividade tem sido, até o momento, limitado;
O cenário externo tem se mostrado favorável, na medida em que a atividade econômica global tem se recuperado gradualmente, sem pressionar as condições financeiras nas economias avançadas. Isso contribui para manter o apetite ao risco em relação a economias emergentes. Além disso, houve arrefecimento de possíveis mudanças de política econômica em alguns países centrais;
O comportamento da inflação permanece favorável com desinflação difundida, inclusive nos componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária. Até o momento, os efeitos de curto prazo do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia não se mostram inflacionários nem desinflacionários;
As expectativas de inflação apuradas pela pesquisa Focus recuaram para em torno de 3,3% para 2017 e para 4,2% para 2018 e encontram-se em torno de 4,25% para 2019 e 4,0% para 2020; e
No cenário com trajetórias para as taxas de juros e câmbio extraídas da pesquisa Focus, as projeções do Copom recuaram para em torno de 3,6% para 2017 e 4,3% para 2018. Esse cenário supõe trajetória de juros que alcança 8,0% ao final de 2017 e mantém-se nesse patamar até o final de 2018.
Considerando o cenário básico, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, pela redução da taxa básica de juros em um ponto percentual, para 9,25% a.a., sem viés. O Comitê entende que a convergência da inflação para a meta de 4,5% no horizonte relevante para a condução da política monetária, que inclui o ano-calendário de 2018, é compatível com o processo de flexibilização monetária.
O Copom ressalta que a extensão do ciclo de flexibilização monetária dependerá de fatores conjunturais e das estimativas da taxa de juros estrutural da economia brasileira. O Comitê entende que a evolução do processo de reformas e ajustes necessários na economia (principalmente das fiscais e creditícias) é importante para a queda das estimativas da taxa de juros estrutural. Essas estimativas continuarão a ser reavaliadas pelo Comitê ao longo do tempo.
O Copom ressalta que a manutenção das condições econômicas, até este momento, a despeito do aumento de incerteza quanto ao ritmo de implementação de reformas e ajustes na economia, permitiu a manutenção do ritmo de flexibilização nesta reunião. Para a próxima reunião, a manutenção deste ritmo dependerá da permanência das condições descritas no cenário básico do Copom e de estimativas da extensão do ciclo. O ritmo de flexibilização continuará dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos, de possíveis reavaliações da estimativa da extensão do ciclo e das projeções e expectativas de inflação.
Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Ilan Goldfajn (Presidente), Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Viana de Carvalho, Isaac Sidney Menezes Ferreira, Luiz Edson Feltrim, Otávio Ribeiro Damaso, Reinaldo Le Grazie, Sidnei Corrêa Marques e Tiago Couto Berriel.
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