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Cenário político volta a preocupar e Ibovespa cai 0,70%

27/09/2017 17h42

A percepção dos investidores de que o governo pode não conseguir aprovar a reforma da Previdência neste ano ganhou força e ajudou a derrubar o Ibovespa. O índice chegou a cair 1,60% durante o dia, mas encerrou o pregão com recuo de 0,70%, aos 73.797 pontos. Os leilões de venda de quatro usinas da Cemig e de blocos exploratórios de petróleo ficaram pouco acima do esperado pelos investidores, mas não tiveram força para alternar o desempenho negativo da bolsa de valores.


O receio com a votação da reforma da Previdência começou a ganhar intensidade ontem depois que a Câmara dos Deputados, em votação, conseguiu manter o status de ministro de Moreira Franco, que comanda a pasta da Secretaria-Geral da Presidência, com apenas cinco votos de vantagem. A votação teve 203 votos favoráveis, 198 contrários e sete abstenções. Diante deste resultado, a percepção é que o governo pode não ter força suficiente para aprovar as reformas estruturais. "O mercado estava precificando um cenário de perfeição para as reformas, que parece que não vai se confirmar", diz Christian Laubenheimer, gestor da Platinum Investimentos.


Outro ponto de preocupação para o mercado financeiro é a denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR) contra o presidente Michel Temer (PMDB). A percepção é que a Câmara não deve acatar a denúncia, mas o enfraquecimento do governo ao lidar com essas questões pode limitar a aprovação das reformas. "Essas denúncias podem minar a agenda de reformas até o final do ano", afirma Eduardo Roche, gestor da Canepa Asset Management.


Diante deste cenário e com a alta de 4,18% do Ibovespa neste mês, os investidores venderam as ações para realizar lucros. As baixas foram generalizadas, com destaque para os papéis das companhias siderúrgicas e dos bancos. As ações PNA da Usiminas tiveram o maior recuo do dia e caíram 4,67%, os papéis PN da Gerdau Metalúrgica registraram recuo de 1,51% e CSN cedeu 2,32%.


As ações ON da Vale chegaram a cair 1,50% durante o dia, seguindo a baixa do preço do minério de ferro no mercado internacional, mas fecharam em alta de 1,37%. O preço da tonelada do produto fechou em baixa de 1,2% em Qingdao, na China, para US$ 64,15, mas ao longo do dia, os contratos futuros de minério negociados no mercado internacional passaram a subir e a Vale inverteu o movimento. O giro financeiro com as ações da Vale foi o maior do Ibovespa, de R$ 828,06 milhões.


Os papéis do sistema financeiro também recuaram e a maior queda do setor foi da ação PN do Bradesco, que teve baixa de 1,05%.


As ações PN da Cemig fecharam com baixa de 1,61%. O leilão de venda de quatro usinas da estatal mineira arrecadou R$ 12,13 bilhões em outorga, ágio de R$ 1,07 bilhão. A chinesa SPIC Overseas e a franco-belga Engie foram as vencedoras do certame. "A avaliação do mercado é que houve poucos investidores estrangeiros interessados no leilão. A Engie já opera no Brasil", diz Vitor Suzaki, analista da Lerosa Investimentos.


Os papéis da Petrobras caíram seguindo a desvalorização dos contratos futuros tipo Brent negociados no mercado externo. As ações PN recuaram 1,61% e as ON caíram 1,61% também. O consórcio formado pela Petrobras e pela Exxon Mobil foi o maior vencedor da 14ª Rodada de Licitação de Blocos Exploratórios da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A entrada mais forte da Petrobras no leilão de blocos exploratórios pode representar um risco para a empresa porque vai exigir um desembolso maior no momento da "limpeza" do balanço da empresa.


Na ponta oposta, as ações ON da Embraer subiram 2,44% e movimentaram R$ 132,04 milhões, bem superior aos R$ 40,14 milhões contabilizados na véspera. No foco dos investidores está a notícia de que a canadense Bombardier, uma das principais concorrentes da Embraer, praticou preços abaixo do custo de produção na venda de aviões comerciais. A acusação partiu da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos.


Mas foram as ações da Fibria que tiveram a maior alta do dia e subiram 3,55%, com as perspectivas mais positivas para aumento de produção e venda de produtos da companhia. A partir de 1º de outubro, a empresa irá reajustar o preço da tonelada de celulose em US$ 30. Esse será o nono aumento a ser implementado pelos produtores de fibra curta neste ano. O novo preço de referência para a Ásia subirá para US$ 750 a tonelada, para a Europa, o valor será de US$ 940, e para a América do Norte, de US$ 1.120 por tonelada.