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Em dia de instabilidade, Ibovespa fecha em alta de olho na Câmara

25/10/2017 19h32

O dia foi de muita instabilidade na bolsa brasileira, que operou pressionada pelo dia negativo em Wall Street e pela expectativa da votação da denúncia contra o presidente Michel Temer. Mas, no fim do dia, depois de muitas dúvidas vindas o esforço pela obstrução da votação e até mesmo pelo problema de saúde de Temer, a formação do quórum necessário foi confirmado, o que levou o mercado a acreditar que a votação vai ocorrer e a denúncia será derrubada.


Essa informação ajudou o Ibovespa a virar o sinal e terminar o pregão em alta de 0,47% para 76.707 pontos. Antes, chegou a perder os 76 mil pontos - na mínima, operou a 75.404 pontos. O volume mais modesto, de R$ 5,892 bilhões (10,6% menor do que da véspera), confirma o ritmo de compasso de espera que prevaleceu, especialmente durante a tarde.


Na abertura do dia, a bolsa mostrava vigor, em grande parte por causa da aposta de que a votação da denúncia conta Temer tiraria da frente uma incerteza que, de alguma maneira, limita o avanço da agenda de reformas e o apetite do investidor. Mas a piora do humor em Wall Street, onde as bolsas tiveram um dia de perdas expressivas, acabou inibindo a onda compradora. Foi nesse momento que a bolsa passou a operar no terreno negativo.


A bolsa chegou a intensificar a queda quando foi divulgada a informação de que o presidente Michel Temer foi internado por problemas de saúde. A reação negativa se deveu ao receio de que esse episódio poderia levar ao adiamento da votação. Mas, como isso não ocorreu, rapidamente a bolsa voltou aos preços anteriores - que ainda mostravam desvalorização.


O fôlego extra surgiu por volta das 17 horas, quando as perdas em Wall Street arrefeceram e, aqui, o quórum regimental para início da votação da denúncia foi atingido.


Na visão dos analistas, embora já esteja completamente "no preço" a vitória de Temer, a confirmação do placar favorável pode trazer algum alívio aos mercados, que vêm patinando nos últimos dias. Em grande parte, por causa da possibilidade, ainda que remota, que a discussão sobre a reforma da Previdência poderá ser retomada.


Ontem, o Bank of America Merrill Lynch (BofA) aplicou mais uma revisão à análise de Ibovespa e elevou a meta para o índice no fim deste ano de 75 mil pontos para 80 mil pontos. A nova revisão, depois do primeiro ajuste feito em 6 de setembro, acontece logo depois que David Beker assumiu o cargo de estrategista para América Latina do banco.


A nova estimativa do BofA para o Ibovespa representa um potencial de alta de 5% em relação aos atuais patamares do índice, que operava, há pouco, com recuo de 0,26%, aos 76.148 pontos.


Em relatório divulgado a clientes e onde comenta outros mercados da América Latina, Beker cita para a decisão de revisar o índice para cima as expectativas de melhores resultados das empresas daqui para frente, a continuidade do afrouxamento monetário pelo Banco Central (BC) e um "ambiente global sustentável".


"A aprovação da reforma da Previdência, mesmo em versão mais branda, pode trazer ainda mais potencial de alta para o mercado considerando as atuais expectativas quanto ao tema, ainda baixas", citam Beker e a analista Nicole Inui, no relatório.