Dólar volta a subir forte com investidor em busca de proteção
O mercado de câmbio voltou a operar sob intensa pressão nesta segunda-feira. O dólar até chegou a cair pela manhã, mas o movimento durou pouco, com a moeda ganhando tração até o fechamento.
No fim dos negócios interbancários, a cotação subiu 1,21%, a R$ 3,2828. A título de curiosidade, o dólar havia caído 1,22% na sexta-feira, depois de subir 1,21% na quinta.
Hoje, o real teve o pior desempenho numa lista de 33 pares do dólar. No mês, a divisa recua 3,55%, quinto pior desempenho do grupo.
Moedas em baixa
Aqui, profissionais relatam demanda de dólares por parte de empresas, num contexto em que sazonalmente aumentam remessas de lucros e dividendos. A maior procura por dólares também estaria relacionada a "hedge" de posições em renda fixa em moeda local, à medida que o mercado mostra mais desconforto com o quadro político. O custo desse "hedge" - medido pela diferença entre o juro local e o cupom cambial (juro em dólar) - tem caído, facilitando o carrego de posições compradas em dólar.
Pesquisa Ibope divulgada no fim de semana serviu para reforçar a postura defensiva dos agentes financeiros. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ) iriam para o segundo turno em uma eventual eleição presidencial hoje, de acordo com pesquisa do Ibope divulgada no jornal "O Globo" pelo colunista Lauro Jardim. De acordo com o jornalista, o levantamento foi feito com 2.002 entrevistas feitas entre 18 e 22 de outubro.
A visão de que os mercados começam a embutir mais claramente os riscos políticos levou a Capital Economics a revisar para cima sua estimativa para o dólar ante o real. A consultoria prevê agora que o dólar fechará 2018 a R$ 3,50 (R$ 3,25 do prognóstico anterior). Ao fim de 2019, a cotação estará em R$ 3,60, 20 centavos de real acima da projeção anterior.
"A perspectiva política continua incerta, e à medida que os cenários começam a ser traçados fica difícil desenhar um quadro otimista", diz Edward Glossop, economista para América Latina. "Os desdobramentos da campanha para as eleições de 2018 terão cada vez mais influência sobre os movimentos dos mercados ao longo dos próximos seis e doze meses."
Alguns analistas, porém, ainda veem a depreciação recente do real mais ligada a fatores técnicos. Sebastian Brown, estrategista do Deutsche Bank, também cita empresas na ponta compradora de dólares nos últimos dias. "Mas isso nos preocupa apenas quando é um movimento provocado por significativos eventos políticos ou econômicos, o que não tem sido o caso", afirma.
Por acreditar que a desvalorização do real é um movimento de "natureza técnica", Brown mantém recomendação de compra para a moeda brasileira, baseado nos bons números das contas externas e na expectativa de mais ingressos de capital diante da realização de leilões de concessões e privatizações, à medida que a economia mostra retomada.
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