IGP-M deve encerrar 2017 com 2ª deflação anual de sua história
O minério de ferro mais caro no atacado levou à aceleração da segunda prévia do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M) de 0,37% para 0,88% entre novembro e dezembro. A variação no preço do produto, que responde sozinho por quase 5% da inflação atacadista, passou de queda de 11,06% para alta de 7,76% no período, devido à recuperação de preços no exterior.
Mas a alta mais intensa observada na segunda prévia de dezembro não impedirá que o IGP-M encerre o ano com a segunda taxa anual mais baixa de sua história, iniciada em 1989.
Até a segunda prévia de dezembro, o índice acumula recuo de 0,53% em 12 meses e deve finalizar 2017 com resultado similar, segundo o Superintendente Adjunto de Inflação do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), Salomão Quadros. Caso a projeção do economista se confirme, seria a primeira deflação anual do IGP-M desde 2009 (-1,72%). Em 2016, o indicador fechou com alta de 7,17%.
Quadros explicou que o aumento da taxa mensal na segunda prévia do indicador foi concentrado no minério de ferro, que impulsionou a inflação atacadista, 60% do IGP-M, de 0,43% para 1,20% entre a segunda prévia de novembro e igual prévia em dezembro. "Se olharmos outros produtos no atacado, eles mostram suavização ou desaceleração de preços", comentou o especialista.
Entre os exemplos citados por ele, de itens de peso na formação da inflação atacadista que subiram menos de preço no período, estão combustíveis e lubrificantes para produção (de 3,79% para 1,86%) e materiais para manufatura (de 1,95% para 1,43%).
Fora do setor industrial, ele admitiu que, na segunda prévia, ocorreram sinais de acelerações ou quedas menos intensas nos preços do setor agrícola atacadista, mas tênues. É o caso de alimentos in natura (de -4,02% para -1,85%) e alimentos processados (de 0,53% para 1,05%). "Por exemplo, mesmo sem apresentar recuo intenso [da segunda prévia de novembro], os in natura continuam em queda", observou ele.
Ao falar sobre o setor agrícola, o especialista explicou que, assim como no Índice Geral de Preços-10 (IGP - 10), que encerrou 2017 com menor taxa anual em oito anos-com recuo de 0,42%, o menor desde 2009 (-1,68%) -, a supersafra de grãos será a responsável pela provável taxa anual negativa do IGP-M este ano. Isto porque a maior oferta de produtos agropecuários reduziu preços no atacado e no varejo ao longo do calendário.
A melhor oferta de alimentos e produtos agrícolas ainda é perceptível no varejo. Embora os preços no setor varejista tenham acelerado da segunda prévia de novembro para igual prévia em dezembro (de 0,23% para 0,31%), devido a acréscimos nas taxas de variação de preços em cinco das sete classes de despesa usadas para cálculo do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) a deflação permaneceu no grupo Alimentação (de -0,18% para -0,01%), no mesmo período, embora menos intensa.
Ao ser questionado se os preços dos alimentos devem começar a subir de forma mais forte no começo do ano, devido a problemas climáticos reduzindo oferta de itens agropecuários, ele admitiu que isto pode acontecer, mas não há nada até o momento que indique possíveis choques inflacionários.
"Temos imensa capacidade para 'acomodar' estas subidas [de agropecuários]. Vamos ver no início do ano como se comportam preços administrados, como tarifas de preços de ônibus por exemplo, que são relevantes para compor a inflação", afirmou.
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