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Exterior ajuda recuperação moderada do Ibovespa; dólar oscila

11/01/2018 14h50

A bolsa tem uma quinta-feira de recuperação moderada, acompanhando de perto o desempenho das bolsas americanas, que retomaram a trajetória de alta. Numa sessão de agenda vazia e poucas notícias de peso, o investidor volta a comprar ações, mas num ritmo mais lento do que o observado em outros dias de alta.


Às 13h45, o Ibovespa subia 0,66% para 78.709 pontos. No mesmo horário, o índice Dow Jones stambém subia.


O maior vigor de Wall Street pode dar tração à bolsa local durante o período da tarde, num momento em que faltam notícias locais que sustentem os ganhos. Aqui, o mercado volta a operar em compasso de espera pelo julgamento do ex-presidente Lula do TRF-4, evento que pode animar investidores ou mesmo gerar uma forte realização de lucros, a depender do resultado.


Aqui, as ações da Eletrobras reagem à notícia publicada pelo Valor de que o governo admite um recuo na MP 814, que permite a privatização da elétrica. A ideia, no Planalto, é retirar da MP dispositivo do artigo 3º, que inclui a estatal no Programa Nacional de Desestatização (PND), informação que reforça a perspectiva de avanço no processo de privatização da companhia.


Eletrobras PNB subia 1,38% e Eletrobras ON ganhava 1,12%.


A CSN retomou movimento de alta hoje, a despeito da notícia do Valor de que a empresa afirmou não existir "qualquer ato vinculante" quanto à venda de sua participação na Usiminas. A ação ON da empresa subia 2,44%, enquanto Usiminas PNA ganhava 4,39%, maior alta do índice. Entre as siderúrgicas, Gerdau também se destaca com alta de 3,47%, enquanto Gerdau Metalúrgica avança 3,14%.


As ações de siderurgia reagem a relatório do banco BTG Pactual, que afirma que os preços de aços planos no Brasil podem subir 10% durante este ano, dado o bom ambiente da siderurgia mundial. Com a continuidade da valorização internacional, as previsões tornaram-se mais otimistas recentemente. A perspectiva anterior era de aumentos entre 3% e 5%. Para o segmento de longos, o cenário também é positivo, lembra o banco.


No Brasil, além das chances de aumento de preços, a projeção de volumes também é melhor. O BTG crê que a demanda por aço no país vá aumentar 10% em 2018, impulsionando o resultado das companhias.


Sobre a Gerdau, o relatório elogia as várias vendas de ativos realizadas nos últimos anos e se mostra confiante em reajustes. Os analistas também admitem que subestimaram a habilidade da Usiminas de melhorar os resultados e preveem o Ebitda superando R$ 3 bilhões em 2019. Quanto à CSN, ainda aguardam evolução mais rápida na desalavancagem, apesar de a expectativa ter melhorado com a chance de rolar parte da dívida em breve.


Outro destaque hoje são as ações de papel e celulose, que passaram a cair após relatório do Credit Suisse reduzir a projeção do preço da celulose na China para US$ 641 a tonelada em 2018. Há pouco, Suzano ON caía 0,67%, Klabin recuava 0,23% e Fibria cedia 0,92%.


Dólar


O dólar dá sinais de que encontrou um nível de acomodação, pelo menos até que catalisadores mais claros venham à tona. A exemplo da estabilidade desta quinta-feira, a cotação da moeda americana gira em torno de R$ 3,23 há pouco mais de uma semana.


O patamar é mantido hoje a despeito da queda do dólar contra as principais divisas globais. Numa lista de 33 papéis, 25 ganham terreno contra a moeda americana. O real, por sua vez, segue próximo do valor de fechamento da sessão passada, enquanto o peso mexicano lidera as perdas.


Às 13h45, o dólar era cotado a R$ 3,2240, queda de 0,15%.


O ambiente externo conta com perspectiva de crescimento da atividade global e desaceleração apenas gradual da oferta de liquidez no mundo. Apesar das preocupações com um eventual aumento da pressão inflacionária nos EUA, os indicadores ainda apontam para preços contidos no país. Hoje, foi a vez do índice de preços ao produtor (PPI) ficar aquém das expectativas, aliviando a perspectiva de um aperto monetário mais duro pelo Federal Reserve.


Outro ponto de atenção dos últimos dias, a alta dos juros dos Treasuries perde fôlego. Os dados da economia local contribuem para a diminuição da pressão. Mas, além disso, a Administração Estatal de Divisas da China minimizou a informação de que o país poderia reduzir a compra dos títulos. A detenção de Treasuries pela país é a maior do mundo, de US$ 1,2 trilhão, deixando o mercado altamente sensível a quaisquer mudanças nas suas políticas em relação a reservas internacionais. Hoje, após os comentários oficiais, os rendimentos dos Treasuries operam em viés de baixa.


A expectativa do Rabobank Brasil é de que o dólar ficará em torno de R$ 3,40 ao final deste ano, assumindo uma redução da liquidez global até o final do ano. "Esta última (questão) seria preponderante a um possível maior otimismo com a economia brasileira após um desfecho (que por hipótese projetamos como) favorável no âmbito político, no que concerne as chances de reformas locais em 2019", afirma o economista-chefe do banco, Maurício Oreng.


Por ora, entretanto, o real estaria próximo de um patamar justo no curto prazo. A leitura no Rabobank Brasil se apoia no uso de modelos econométricos, dadas as condições atuais de mercado. Isso inclui as expectativas para a execução de reformas no Brasil a médio prazo.


Domesticamente, os investidores ainda aguardam o julgamento do ex-presidente Lula no final de janeiro, sob expectativa de que confirme condenação da primeira instância. Caso isso se confirme numa decisão unânime, o petista terá menos opções para recorrer e a candidatura para Presidência fica em risco, abrindo espaço para outros nomes que são recebidos de forma mais positiva pelos os agentes financeiros. Por outro lado, uma decisão mais dividida promete trazer alguma reversão do bom humor deste começo de ano.


Juros


A diferença dos juros longos para as taxas mais curtas volta a cair nesta quinta-feira, sinalizando a redução do prêmio embutido ao longo da curva.


Na comparação entre o DI janeiro de 2023 e o DI janeiro de 2019, a chamada "inclinação da curva de juros" recua a 2,810 pontos percentuais, após duas sessões de baixa. E se mantido até o fim do dia, será o nível mais baixo desde que fechou em 2,710 pontos 9 de novembro, quando o debate sobre a reforma da Previdência ganhava intensidade.


O DI janeiro de 2019 sobe a 6,900%, ante 6,865% no ajuste anterior. Outro sinal de que o foco do mercado segue na política monetária é que o giro se concentra hoje em vencimentos de curtíssimo prazo. O DI para abril de 2018 - que reflete apostas para as primeiras reuniões do Copom no ano - subia a 6,753%, de 6,737%.