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Violência no Rio preocupa AccorHotels na América do Sul

22/02/2018 12h08

O presidente para América do Sul da francesa AccorHotels, Patrick Mendes, disse nesta quinta-feira (22) que a situação do Rio de Janeiro será determinante para que o grupo tenha um ano positivo em 2018.


"Voltar a ter segurança e perspectivas é fundamental para o Rio, para o Brasil e para a América do Sul", disse Mendes em coletiva de imprensa, em São Paulo.


No balanço da companhia, divulgado ontem (21), a Accor apresentou alta de 66,4% no lucro global em 2017, para 441 milhões de euros. Todas as regiões registraram crescimento, com exceção da América do Sul. Segundo o grupo, o menorganhona região foi devido à "persistente situação desafiadora no Brasil".


O executivo destacou que 45 dos 329 hotéis brasileiros do grupo (cerca de 14% do total) estão no Rio, cuja demanda turística tem sofrido com o impacto da violência e da crise do setor público.


"Os fundamentos da economia estão melhorando, mas temos incertezas políticas, com as eleições, e principalmente com a situação do Rio. Precisamos ter segurança, ter serviços públicos, ter uma situação que volte ao normal", afirmou Mendes.


De acordo com o executivo, essas incertezas impedem que a AccorHotels tenha uma posição mais otimista com relação ao mercado no Brasil.


"O desempenho que tivemos no quarto trimestre [2017], que foi muito bom, não foi um ponto fora da curva. Pode ser uma tendência para 2018. Os dois primeiros meses de 2018, em termos de reservas, mostram isso. A retomada em mercados como o de São Paulo, está forte, com o corporativo reagindo muito bem. Mas vamos esperar os dois próximos meses para ver se essa tendência se sustenta porque há ainda muitas incertezas", disse.


Entre outubro e dezembro de 2017, a receita média por apartamento (RevPar) da AccorHotels na América do Sul - onde o Brasil tem 283 dos 329 hoteis na região - foi 13,9% superior à registrada em igual período de 2016. Um desempenho bem superior ao apurado no ano inteiro, que foi de queda, de 3,4%.


Retomada


Para Patrick Mendes, o ano de 2018 será de crescimento da rede no Brasil, onde o grupo é líder em hotelaria.


"O ano de 2017 foi de transição, desafiador. Começamos o ano muito difícil, mas foi melhorando ao longo do ano e fechamos o quarto trimestre com crescimento", disse Mendes.


O presidente da AccorHotels América do Sul disse que o aumento da taxa de ocupação é o primeiro passo para a recuperação da diária média e, na sequência, da receita média por apartamento (RevPar).


Patrick Mendes disse que entre os fatores que vão ajudar a hotelaria no Brasil em 2018 estão a retomada da atividade econômica, a redução da taxa básica de juros (Selic), que atrai investimentos estimulando a atividade produtiva, que demanda mais viagens de negócios.


"Além da resiliência do grupo Accor, que abriu 54 novos hotéis em 2017", afirmou.O grupo também assinou mais de 40 contratos para novos empreendimentos no país. O total de contratos já fechados pelo grupo no país e que estão em desenvolvimento soma 113 endereços.


A meta do AccorHotels é elevar a rede no Brasil para 400 unidades até o fim de 2018.


A expansão da AccorHotels em 2018 passa pelo reforço da atuação no segmento de luxo. Até 2020, a companhia possui contratos assinados para abrir ao menos quatro empreendimentos nesse segmento na América do Sul - incluindo o Sofitel Copacabana, que abrirá as portas em 2019 como Fairmont, depois de reformas de R$ 250 milhões.


Aquisições


A diária média este ano deve crescer de 4% a 6% sobre o indicador em 2016, mas Mendes apontou que essa melhora ainda não será suficiente para recuperar os níveis de rentabilidade operacional capazes de gerar novos ciclos de investimentos no setor.


"Nos últimos três anos tivemos um aumento de custos da ordem de 30%, enquanto a diária média caiu. Então a rentabilidade foi afetada", disse ele. "Para retomar os padrões de rentabilidade, precisamos de um aumento de 10% a 12% na diária média com aumento da taxa de ocupação, o que deve ocorrer nos próximos dois ou três anos".


Apesar da rentabilidade estreita, Mendes disse que a AccorHotels vai continuar crescendo, com prioridade na expansão orgânica.


A AccorHotels encerrou 2017 com 283 hotéis no Brasil, e um total de contratos já assinados pelo grupo no país que soma mais de 113 endereços, dos quais 43 foram assinados em 2017.


O executivo, entretanto, não descartou buscar novas aquisições. Ano passado, o grupo comprou a carteira de hotéis administrados pela BHG - então a terceira maior rede do país -, assumindo a gestão de 21 hotéis, em uma transação de R$ 195 milhões.


"O grupo comprou quase 30 empresas no mundo em diversos setores. Então temos força financeira e capacidade para aquisições", disse.


Entre as aquisições que o grupo AccorHotels fez no mundo estão a plataforma de hospedagem compartilhada de alto padrão OneFineStay, da empresa de distribuição Travel Keys e a operação de hotéis da bandeira Orient Express.


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