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Decisão do CMN puxa juros futuros longos para baixo

26/02/2018 17h26

A queda do juro longo não parece ser uma tendência duradoura, apesar do firme recuo nas últimas duas sessões. Para profissionais de mercado, o movimento já pode estar próximo do fim, pelo menos, até que apareçam indícios de mudanças estruturais no cenário. O ajuste de contas públicas, principalmente após o adiamento da reforma da Previdência, assim como a disputa eleitoral de 2018 são entraves que inibem as apostas para a economia num horizonte mais longo.


A taxa projetada pelo contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2029 caía para 10,040% no fim da sessão regular nesta segunda-feira. Foram 30 pontos-base de queda igualmente divididos em duas sessões. Para efeito de comparação, a magnitude da queda é semelhante à observada no final de janeiro quando o mercado se via positivamente a possibilidade de Luis inácio Lula da Silva (PT) estar mais distante da disputa eleitoral de 2018.


A diferença do DI janeiro de 2027 para o DI janeiro de 2021 - trecho que não é tão afetado pelos movimentos de prazos mais curtos - recuou 20 pontos-base em duas sessões, para 140 pontos-base. Esta foi a maior baixa acumulada nesse intervalo desde, pelo menos, o começo de 2017.


O principal motivo do alívio foi técnico, não de fundamentos. O Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou novas regras sobre aplicações de fundos de Previdência e seguradoras para carteiras de renda fixa. O intuito é corrigir distorções no mercado, principalmente na ponta longa dos juros. Com novas regras, a expectativa agora é que fundos de Previdência terão mais liberdade para alocar capital e não precisarão recorrer tanto ao mercado de DI para fazer hedge em suas posições de títulos públicos.


"A curva de juros cedeu bastante nos últimos dias e acaba encontrando um 'suporte' importante por causa do problema fiscal", afirma o estrategista de renda fixa da Renascença, Pedro Barbosa. "A queda das taxas chegou perto do limite, agora o prêmio está muito baixo", acrescenta.


As atenções se voltam ainda para o cenário internacional e o comportamento dos juros dos Treasuries - títulos do Tesouro americano. O risco, dizem especialistas, é que yield (retorno ao investidor) do título de 10 anos rompa 3% diante de um possível aumento da inflação nos EUA e ritmo mais acentuado de elevação de juros no país.


Nesta terça-feira, o novo presidente do Federal Reserve (Fed) - o banco central americano -, Jerome Powell, se apresenta no Congresso do Estados Unidos. Um tom mais duro de Powell já é esperado para a sessão congressual. Ainda assim, não é prevista uma mudança ainda mais significativa em relação à postura de Janet Yellen, que ocupava a presidência do Fed, nem uma posição clara sobre o número de elevações de juros neste ano.