Dólar sobe ante real, com sinalização do Fed de mais altas nos juros
O dólar voltou a subir frente ao real nesta terça-feira (27), dia de fortalecimento da moeda em todo o mundo após declarações do presidente do banco central americano serem interpretadas como sinal de que os Estados Unidos podem terminar o ano com juros ainda mais altos que o esperado.
Essa possibilidade mexe sobretudo com divisas de países com maior necessidade de financiamento externo. Depois da mais profunda recessão em décadas, o Brasil acabou reduzindo seu déficit em conta corrente, o que deixa o país menos suscetível a repentinas mudanças de expectativas para a política monetária.
No fechamento desta terça-feira, o dólar comercial subiu 0,55%, a R$ 3,2491.
Real se destaca entre emergentes
Hoje, o real foi na contramão da tendência recente e mostrou desempenho melhor que seus pares emergentes. Além da confortável situação das contas externas, evidenciada na segunda (26) pelos dados de janeiro, a moeda brasileira também tem menos espaço para cair neste fim de mês, por já registrar queda mais acentuada no período. Com a aproximação do fim do mês, investidores fecham os "books" e realizam lucros, movimento que parece afetar o rand sul-africano e o rublo russo, por exemplo.
Chama atenção ainda a dificuldade do dólar para cravar novas máximas ante a moeda brasileira. Um sinal gráfico baixista se formou no último dia 22, quando a máxima alcançada pelo dólar (R$ 3,2734) ficou abaixo do pico anterior, de R$ 3,3183, marcado em 9 de fevereiro.
O gestor de um fundo multimercado destaca que os dados de ontem das contas externas referendam cenários de menor risco ao real no curto prazo. Mas ele pondera que o câmbio seguirá oscilando ao sabor do humor global. "Tenho um viés mais positivo com o real neste estágio e próximo a 3,25 [por dólar], mas mantenho a visão de que ele deverá permanecer em uma banda entre 3,10 e 3,30 [por dólar] no horizonte relevante de tempo", afirma.
Dizer que o real está menos vulnerável à dinâmica dos juros no mundo, porém, não significa que o câmbio doméstico está imune aos efeitos da política monetária mais apertada no mundo desenvolvido.
Se a balança de pagamentos fornece justificativa para uma taxa cambial menos depreciada, por outro lado não passa despercebida a queda do juro "extra" disponibilizado pelo Brasil em relação aos Estados Unidos, por exemplo, que chama ainda mais atenção quando se considera a grave crise fiscal brasileira. Em outras palavras, o Brasil tem oferecido menos incentivo para investidores migrarem aplicações de fora para cá
John Hardy, estrategista-chefe de câmbio do dinamarquês Saxo Bank, diz que, com o "colapso" da Selic de 14,25% ao ano para os atuais 6,75%, ficou "muito mais barato" fazer "hedge" de posições nos ativos brasileiros ? e uma das formas mais comuns dessa proteção é via compra de dólar/venda de real.
Citando ainda as incertezas sobre o cenário político doméstico e o risco de os preços das commodities recuarem, o estrategista resume: "O real tem um longo caminho antes de ensaiar qualquer recuperação neste ano".
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