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Mulheres ocupam apenas 38% dos cargos de chefia no Brasil, aponta IBGE

07/03/2018 11h09

As mulheres ainda são minoria no topo da hierarquia do setor público e privado. Embora representem pouco mais da metade (51,7%) dos trabalhadores brasileiros, somente 37,8% delas estão em cargos gerenciais existentes no país, de acordo com levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira, véspera do Dia Internacional da Mulher.


Pelo critério adotado na pesquisa "Estatística de Gênero", que consolidou uma série de indicadores conhecidos do IBGE, os cargos gerenciais no setor privado vão desde a diretoria até a gerência de empresas privadas. No caso do setor público, inclui ministras de tribunais ou diretorias de órgãos governamentais, por exemplo. Neste caso, os cargos considerados podem ser preenchidos por concurso ou não.


Segundo o estudo, o governo federal reproduz a desigualdade de gênero no país. Dos 29 cargos de ministros de Estado existentes, somente um é ocupado por mulher: Grace Mendonça, na Advocacia-Geral da União (AGU). Até fevereiro, Luislinda Valois era ministra dos Direitos Humanos no governo do presidente Michel Temer. Seu cargo passou a ser acumulado por um homem, o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Vale Rocha.


Os indicadores divulgados mostram que o caminho a ser percorrido para a igualdade de gênero permanece longo e tortuoso. Apesar da melhora nos últimos anos, uma mulher ainda recebia 76,5% do rendimento dos homens em 2016. Quatro anos antes, essa proporção era de 73,7%. Isso apesar de terem, na média, melhor formação: 16,9% delas têm ensino superior completo, frente a 13,5% dos homens.


A ascensão profissional das mulheres é afetada por uma série de questões. Segundo Caroline Santos, técnica da Coordenação de Indicadores Sociais do IBGE, muitas mulheres buscam jornadas de trabalho mais flexíveis para conseguir conciliar seu tempo com afazeres doméstico e cuidados de filhos ou de idosos. Enquanto homens dedicam 10,5 horas semanais a afazeres da casa, as mulheres dedicam 18,1 horas.


"Como elas dedicam mais horas à família, buscam trabalhos que exigem menos horas. Provavelmente ela vai ganhar menos por isso", disse a pesquisadora, citando que 28,2% das mulheres tinham emprego com jornada parcial (até 30 horas semanais) em 2016, ante 14,1% dos homens.


De acordo com a pesquisa, 19% das mulheres trabalhavam por conta própria em 2016. Entre homens, essa proporção era de 29%. Esse tipo de inserção no mercado de trabalho está associada à maior precariedade e paga de menores salários.


O parlamento brasileiro é outro exemplo bem acabado da exclusão feminina. Dos deputados, somente 10,5% eram mulheres em dezembro de 2017. Isso coloca o Brasil na 152ª posição num ranking de 190 países elaborado pela União Interparlamentar (IPU, na sigla em inglês). No Senado, somente 16% dos senadores eram do sexo feminino em 20 de dezembro, de acordo com o IBGE.


Luanda Chaves Botelho, analista do IBGE, diz que os partidos políticos têm cumprido a cota de lançar 30% de candidatos mulheres para a disputa da Câmara de Deputados. A Lei de Cotas determina o ajuste da quantidade de candidaturas femininas e masculinas aos percentuais de no mínimo 30% e no máximo 70%. O problema, segundo ela, seria a diferença do apoio para eleição de cada candidato.


"Estudos indicam que não há apoio efetivo para parte das candidaturas. Além disso, você também tem mais chance de se eleger se você já foi parlamentar, o que dificulta essa mudança. A menor presença de mulheres não tem a ver com a preferência do eleitorado", diz o analista da Coordenação de Indicadores Sociais do IBGE.