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Ibovespa perde força com atividade fraca e eleição; dólar sobe

16/04/2018 13h44

Os ventos favoráveis ao mercado de ações brasileiro parecem ter, no mínimo, perdido força. E isso coloca o Ibovespa em outro patamar. O quadro eleitoral mostra-se bastante incerto, enquanto a recuperação da atividade caminha num ritmo muito mais lento do que o vislumbrado no começo do ano, razão para boa parte do rali visto no começo do ano. E o mercado externo, ainda que se recupere nesta sessão, está longe de fornecer sustentação para ativos de risco.

É nesse ambiente que o Ibovespa perdeu hoje os 84 mil pontos, num sessão em que as blue chips - papéis de maior peso sobre o índice - operam todas no terreno negativo e concentram o volume de negócios.

Às 13h35, o Ibovespa caía 1,17%, aos 83.349 pontos. Petrobras PN, o papel mais negociado (R$ 555 milhões de giro até o momento) caía 1,37%, enquanto Vale ON (volume de R$ 225 milhões) cedia 0,91%. Itaú PN recuava 1,29%, com volume de R$ 201 milhões.

"A hora é de tirar risco da mesa. Não é o caso de apostar contra, mas de ajustar a exposição", afirma o sócio e gestor da Rosenberg Investimentos, Marcos Mollica. Ele diz que o mercado está se rendendo a um cenário de muita indefinição no campo político, que justifica uma posição mais cautelosa. "O mercado vinha alheio à falta de visibilidade na política e está agora se ajustando", diz.

A pesquisa eleitoral do fim de semana, diz Mollica, não traz exatamente uma grande novidade, mas confirma que o eleitor tende neste momento a olhar para "outsiders", o que não beneficia os candidatos de centro-direita, que melhor representam a bandeira das reformas. "O quadro está muito indefinido, mostra que será uma eleição muito competitiva e que os candidatos tradicionais terão muita dificuldade", explica.

Nesse ambiente, as ações de estatais são especialmente afetadas e estão entre os destaques negativos no mês de maio. Banco do Brasil ON, que vinha num claro processo de recuperação neste ano, acumula perda de 10,43% no mês, a segunda queda mais intensa do Ibovespa no período. Em seguida, aparece Eletrobras ON, com perda de 10,38%, afetada pelo ceticismo do mercado sobre o futuro da privatização da companhia. Cemig PN, que também sofre o efeito da disputa eleitoral estadual, acumula perda 6,66%, enquanto Petrobras PN cai 2,76% e Petrobras ON tem queda de 0,68% no mês de maio.

Vale observar que a ação que mais cai nesse período é Bradesco ON, com desvalorização de 11,69%. Nesse caso, o rumor de que o ex-ministro Antonio Pallocci pode acertar uma nova delação premiada e citar dois bancos explica as perdas da ação.

Outro tema que tem pesado sobre a bolsa é a atividade fraca. Hoje, o Banco Central divulgou o IBC-Br de fevereiro, proxy do PIB mensal, que subiu 0,09%, abaixo da média dos analistas, de 0,13%. Já a pesquisa Focus mostrou que a projeção para o PIB em 2018 voltou a ceder, de 2,80% para 2,76%.

Em tempo: a B3 divulgou hoje a segunda prévia do Ibovespa, que inclui a CVC ON no índice. O papel terá peso de 0,614% no indicador. B2W ON (0,313%) e Gol PN (0,201%), que haviam sido incluídas na primeira prévia, permanecem na carteira teórica, enquanto Marfrig, retirada na primeira prévia, também não está incluída. A segunda prévia refere-se à carteira que vai vigorar entre maio e agosto deste ano e terá sua última prévia definida no dia 30 de abril.

Dólar

O dólar inicia a tarde desta segunda-feira perto da estabilidade, a alguma distância da máxima alcançada perto das 11h30, mas ainda mais longe das mínimas registradas nas primeiras horas do pregão. O mercado digere as atualizações do cenário político doméstico num dia de forma geral mais fraco para divisas emergentes.

No fim de semana, a pesquisa Datafolha traçou um quadro de eleição ainda embaralhada. Lula ainda venceria em segundo turno; sem ele, Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede) seriam os maiores beneficiados dos votos direcionados ao petista. Ainda num cenário sem o ex-presidente, Jair Bolsonaro (PSL) lidera as intenções de voto, mas empatado tecnicamente com Marina. Já Geraldo Alckmin (PSDB) ficaria em terceiro lugar num segundo turno.

As candidaturas de centro-direita - as que, para o mercado, dariam continuidade à agenda de reformas econômicas - ainda mostram pouco impulso após a prisão do ex-presidente Lula. Ainda assim, a sensação é que a corrida eleitoral está apenas começando e que há tempo para que um postulante à Presidência mais alinhado ao mercado melhore seus índices e vá ao segundo turno.

"Acho que o mercado não piorou mais hoje porque, no fim, ficou a sensação de que nada mudou muito após a pesquisa. Está tudo bastante em aberto", afirma o profissional da mesa de derivativos de uma corretora em São Paulo.

As variações moderadas do dólar hoje ocorrem ainda com um pano de fundo externo menos turbulento. Investidores parecem diminuir as apostas numa escalada mais ampla de conflitos armados, mesmo após EUA, Reino Unido e França lançarem ataques aéreos contra alguns alvos em território sírio, o que foi classificado pela Rússia como "ato de agressão".

No que pode estar ajudando o sentimento dos mercados, estrategistas do banco Brown Brothers Harriman lembram que, em outra frente, o governo Trump suavizou o tom em relação a questões comerciais com a China, uma vez que Pequim deu sinais de disposição a concessões. E também as negociações sobre o Nafta parecem mais "promissoras" neste momento.

Às 13h35, o dólar comercial tinha variação positiva de 0,07%, a R$ 3,4295. Na máxima, foi a R$ 3,4354, bem perto dos picos desde dezembro de 2016 alcançados na semana passada.Na mínima, a cotação caiu a R$ 3,4073.

Juros

Os juros futuros desaceleram a queda do começo do dia, mas seguem apontando para baixo nesta segunda-feira. Operadores relatam que a cautela com o quadro eleitoral e a cena externa ainda inibem apostas mais agressivas no mercado. Por outro lado, a lenta recuperação da atividade econômica abre espaço que, aos poucos, se vislumbre juros baixos por mais tempo.

Desta vez, foi o IBC-Br de fevereiro que mostrou um crescimento ainda moroso, reiterando o sinal dos dados recentes de serviços, varejo e indústria. Conhecido como a prévia do PIB, o indicador teve alta de apenas 0,09%, aquém da expectativa de 0,13%. E, com a inflação contida, alguns participantes do mercado enxergam espaço para a Selic se manter baixa por mais tempo ou, pelo menos, não ter de subir muito no futuro próximo.

O DI janeiro/2019 marcava 6,220% (6,225% no ajuste anterior);O DI janeiro/2020 caía 6,920% (6,930% no ajuste anterior);O DI janeiro/2021 apontava 7,990% (8,010% no ajuste anterior);O DI janeiro/2023 tinha 9,180% (9,190% no ajuste anterior); eo DI janeiro/2025 apontava 9,730% (9,730% no ajuste anterior).