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Esquivel não comenta negativa a visita; Boff fala em 'forçar a barra'

18/04/2018 23h14

"Não quero falar dos juízes", disse nesta quarta-feira (18) em Curitiba o ativista argentino de direitos humanos Adolfo Pérez Esquivel, vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 1980. Dita em tom de blague, a frase é uma óbvia referência à juíza substituta Carolina Lebbos, responsável pela execução da pena de Luiz Inácio Lula da Silva, que horas antes proibira Esquivel de visitar o ex-presidente, preso numa sala na superintendência da Polícia Federal no Paraná desde o último dia 7.

"Os juízes... não quero falar dos juízes", disse Esquivel, para risos de uma plateia que lotou o principal auditório da Universidade Federal do Paraná (UFPR) num evento para celebrar os 30 anos da Constituição Federal, convocado pela Faculdade de Direito em parceria com dezenas de organizações estaduais de esquerda.

Além de Esquivel, participaram o ex-chanceler Celso Amorim e o religioso Leonardo Boff, o que naturalmente transformou o ato numa defesa da libertação de Lula. "Todos já sabemos [sobre os juízes]. Não vamos nos repetir, mas sim seguir reclamando por nossos direitos", disse o argentino.

Mais cedo, a juíza Lebbos vetou a visita que Esquivel pretendia fazer ao ex-presidente na quinta. O ativista invocou as Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Presos, mais conhecidas por "Regras de Mandela", um tratado que, ao ver dele, faria a visita prescindir de autorização judicial. A juíza, porém, discordou.

"[Esquivel] não apresenta fundamento concreto apto a embasar sua pretensão. Não há indicativo de violação a direitos dos custodiados no estabelecimento que se pretende inspecionar. Jamais chegou ao conhecimento deste juízo de execução informação de violação a direitos de pessoas custodiadas na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, as quais contam com defesas técnicas constituídas", anotou Lebbos.

Em sua fala no evento, porém, Boff deu mostras de que os aliados do ex-presidente seguirão a tentar vê-lo na prisão. "Vim [a Curitiba] para visitar um velho amigo de 30 anos, Lula, que está encarcerado", disse, citando o evangelho de Mateus. "Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e foste me ver. Me espanta que um juiz que maneja leis humanas possa se sobrepor às leis divinas. Isso é errado. Por isso vamos forçar a barra para visitar o Lula".