IPCA
0,83 Mar.2024
Topo

Juros futuros sobem com falta de visibilidade política

19/04/2018 17h13

A falta de visibilidade no quadro eleitoral coloca o mercado de juros num momento delicado para novas apostas. Investidores são pouco estimulados a alongar posições, mesmo com a percepção de que as operações de curto prazo perdem atratividade já que o ciclo de flexibilização monetária estaria perto do fim.

A queda da Selic na próxima reunião do Copom, em maio, já é uma expectativa bem consolidada no mercado. E a aposta de extensão do ciclo é minimizada pelo fato de que os dirigentes do Banco Central seguem reiterando que o processo deve ser interrompido a partir dali.

"Os juros curtos devem ficar engessados a partir de agora, já que o BC tem reforçado a sinalização de que irá interromper o ciclo de afrouxamento após corte da Selic para 6,25% em maio", diz Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho. "Já os longos corrigiram um otimismo e agora entram numa fase mais estável, à mercê da evolução do cenário eleitoral", acrescenta.

Mesmo com pouco espaço para atuar nas taxas de curto prazo, os agentes financeiros aguardam mais clareza no campo político para se posicionar em taxas mais longos. O resultado é a ampla distância entre as pontas da curva de juros, algo que poderia significar uma janela de entrada no mercado.

"Ainda tem gordura nos juros intermediários e, para quem tiver estômago, dá para alongar a aposta, mas realmente precisa de firmeza porque ainda vai ter muito susto no caminho", afirma Paulo Petrassi, sócio e gestor da Leme Investimentos.

Os candidatos reformistas ainda patinam nas pesquisas de intenção de votos e os nomes que ganham projeção não são garantia de governabilidade caso tomem o poder. Por isso, movimentos mais positivos no mercado só são esperados com o aumento da confiança no ajuste fiscal, o que deve acontecer gradualmente, dizem os especialistas.

"É um momento de cautela, ninguém vai fazer uma grande operação na inclinação da curva sem clareza na política", afirma Fernando Ferez, estrategista de renda fixa da Renascença.

O rumo fiscal, inclusive, acaba dando mais lentidão à aposta de juros baixos por mais tempo, que seria incentiva pelo quadro atual de inflação contida e a atividade fraca. Nesta sexta (20), os investidores acompanham a divulgação do IPCA-15 de abril, que pode reforçar o sinal positivo da conjuntura econômica. No entanto, ainda não se espera uma queda mais acentuada nas taxas dos DIs.

"Em termos de fundamentos, só será possível fazer qualquer estimativa para um futuro ciclo de aumento de juros quando todos souberem qual será o rumo do fiscal. Por isso teremos bastante volatilidade nesse meio tempo", aponta Hugo Monteiro, analista de Investimentos da BullMark.

No meio deste ambiente de cautela, os ativos têm fôlego limitado para resistir à pressão externa, a exemplo do que ocorreu nesta quinta-feira (19). Sem os ventos favoráveis lá de fora, as taxas dos DIs com prazos mais longos voltaram a subir. O DI janeiro de 2023 avançou 3 pontos-base, para 9,060%, após três dias seguidos de queda.

Por volta das 16h, no fim da sessão regular, o DI janeiro/2019 marcava 6,230% (6,220% no ajuste anterior), oDI janeiro/2020 projetava 6,930% (6,900% no ajuste anterior), oDI janeiro/2021 marcava 7,900% (7,860% no ajuste anterior), oDI janeiro/2023 era negociado a 9,060% (9,030% no ajuste anterior) eo DI janeiro/2025 apontava 9,590% (9,560% no ajuste anterior).