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Dólar bate R$ 3,45 e atinge a máxima desde 2016

23/04/2018 18h13

A aposta em um dólar ainda fraco em todo o mundo sofreu um forte revés nesta segunda-feira, quando uma ampla cobertura de posições vendidas empurrou a moeda americana para picos em meses frente a divisas fortes e emergentes. No Brasil, o dólar - que já vem em linha reta de alta há três meses - superou R$ 3,45 pela primeira vez em quase 17 meses, estendendo a alta apenas em abril para 4,49%.

No fechamento, o dólar comercial subiu 1,20%, a R$ 3,4516. É o maior nível desde 2 de dezembro de 2016 (R$ 3,4716).

No mesmo horário, a moeda ganhava 2,4% contra o rand sul-africano, 2,3% frente ao peso mexicano, 2% comparada ao peso colombiano e 0,8% ante o rublo russo.

A esticada global do dólar está relacionada à combinação entre excesso de posições que ganham com a queda da moeda e salto nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano. Dados do Goldman Sachs revelam que, na semana passada, as apostas contrárias ao dólar bateram novas máximas recordes. Com as posições nesses níveis o espaço para mais vendas de dólares fica reduzido, o que deixa o mercado mais suscetível a um ajuste técnico - no caso, por meio da compra de dólar.

Para isso, o mercado precisa de um "trigger". E ele veio hoje quando o "yield" do Treasury de dez anos - referência para a renda fixa global - por pouco não bateu 3%, marca psicológica cujo rompimento, para alguns, deflagraria uma nova onda de vendas de títulos soberanos no mundo, com consequente escalada dos rendimentos.

A puxada dos juros de mercado nos EUA se deve, entre outros motivos, a questões de oferta e demanda - por causa do expansionismo fiscal americano - e também a receios de mais inflação, elevados recentemente pelo salto de 10% dos preços do petróleo em duas semanas.

Mais inflação sugere mais chances de o Fed subir mais os juros nos EUA. E o mercado tem colocado isso nos preços. Com base em contratos derivativos negociados nos Estados Unidos, a probabilidade de um total de quatro altas de juros neste ano saltou de 33% um mês atrás para 48% hoje.

Para o Morgan Stanley, a valorização global do dólar nas últimas semanas, que ganhou intensidade nesta segunda-feira, ainda é um "rali de correção" em meio a uma tendência de médio prazo ainda de fraqueza para a moeda. Os rivais do dólar mais afetados neste momento seriam divisas com juros baixos - como iene japonês, franco suíço e euro.

Mesmo considerando que o cenário geral ainda é benigno para emergentes, a perspectiva de que a liquidez alcance máximas em breve e depois comece a diminuir torna mais difícil a continuidade do rali de ativos de risco sem um catalisador mais claro. "A queda dos preços dos ativos não necessariamente acontece de forma isolada e pode ter impactos sobre a economia real", afirmam estrategistas do banco.