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Juros futuros caem em dia de ata do Copom

22/05/2018 18h11

A sinalização do Banco Central de que há espaço para evitar uma alta de juros foi recebida num dia de amplo alívio no mercado. As taxas futuras, negociadas na B3, registraram firme queda nesta terça-feira (22), em meio ao sinal bastante positivo para ativos de risco no exterior.

Com a trégua lá de fora, os investidores conseguiram reverter parte da disparada dos últimos dias. E o que se ouve das mesas de operação é que boa parte da melhora foi, de fato, importada, embora o foco ainda esteja na política monetária.

No fim da sessão regular, às 16h, a taxa do contrato de DI para janeiro de 2020, que reflete as apostas para Selic no fim do ano que vem, caiu 13 pontos-base, para 7,530%.

Cenário externo x política monetária

Desta vez, o Banco Central usou a ata da sua última reunião de política monetária para destacar que os choques externos devem ser combatidos apenas nos impactos secundários sobre inflação. Portanto, não haveria relação mecânica entre o cenário externo e a política monetária.

Para o economista-chefe da JGP Gestão de Recursos, Fernando Rocha, a autoridade monetária não se comprometeu com seus próximos passos. Até por isso, evita um ruído de comunicação, que marcou a sua última decisão de juros, quando surpreendeu boa parte dos analistas com manutenção da Selic em 6,5%.

"O BC não se comprometeu daqui para frente e, por ora, vê que pode manter o juro parado", diz o especialista.

As expectativas são bastante suscetíveis ao comportamento do câmbio, com risco de uma antecipação do aperto monetário. Na JGP, o valor médio do dólar esperado para o ano que vem é de cerca de R$ 3,60 e, inflação, de 4,3%, o que ajudaria a manter a Selic estável até meados de 2019. No entanto, se o valor da moeda americana subir para R$ 4 ? equivalente a 10% de desvalorização do real ? o IPCA ficaria em 5,10%. "Aí tem de subir o juro, porque a meta é 4,25% no ano que vem", diz Rocha.

Deve pesar para as próximas decisões o comportamento das diferentes medidas de repasse cambial, na avaliação dos especialistas do Itaú, que ainda apostam em manutenção da taxa Selic em 2018.

Por ora, a leitura é de que ainda não é o caso de o BC subir juros tão cedo. A mensagem reiterada na ata do último encontro é que a política monetária deve ser descolada de um impacto direto do câmbio. E, com isso, o BC busca "desfazer qualquer sinal muito 'hawkish' (favorável a juros altos) que tenha sido deixado pelo comunicado da última reunião", na avaliação do sócio e gestor da Paineiras Investimentos, David Cohen.

A economista-chefe da ARX Investimentos, Solange Srour, vai na mesma linha: "o BC contribuiu para tirar qualquer especulação no mercado de que poderia elevar os juros em breve". "Hoje, eu vejo que os fundamentos internos e um câmbio no patamar atual, de R$ 3,60, não deve adiantar o ciclo", diz. Contudo, todas as projeções podem mudar já que a disputa eleitoral é repleta de incertezas no Brasil.

Outro recado importante da ata, na avaliação dos profissionais de mercado, é que a decisão não estará amarrada por uma sinalização anterior, quando houver uma mudança relevante no meio do caminho. Na ata, os integrantes do Copom avaliaram o fato de que a comunicação recente parecia ter sido interpretada por parte do público como indicativa de decisão na direção de uma redução adicional da taxa de juros.

Para Fernando Rocha, da JGP, não cabe ao BC dar certeza para o investidor. "O BC se reserva o direito de tomar a decisão correta, mesmo se contrariar a aposta do mercado", diz. "O que cabe ao BC é dar sinalização, na medida do possível, que direcione um pouco as expectativas e não haja surpresas grandes, com volatilidade no mercado", diz.

Por volta das 17h43, o DI janeiro/2019 caía a 6,590% (6,635% no ajuste anterior), oDI janeiro/2020 recuava a 7,530% (7,660% no ajuste anterior), oDI janeiro/2021 caía a 8,680% (8,790% no ajuste anterior), oDI janeiro/2023 recuava a 10,030% (10,070% no ajuste anterior) eo DI janeiro/2025 cedia a 10,560% (10,570% no ajuste anterior).