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Petrobras tem pior pregão desde escândalo da JBS e derruba Ibovespa

24/05/2018 17h59

O Ibovespa já flerta com o nível dos 79 mil pontos com a pressão gerada hoje pela Petrobras, depois que a estatal reduziu em 10% e congelou, por 15 dias, o preço do diesel. O tombo do índice só não foi maior porque Itaú e Vale, em alta, aliviaram o efeito da onda vendedora na estatal de petróleo.

O Ibovespa caiu 0,92%, aos 80.122 pontos, depois de ir, na mínima, aos 79.027 pontos ? menor nível desde 16 de janeiro. O giro, bastante intenso hoje, foi de R$ 14,2 bilhões. Desse montante, a Petrobras PN (-13,71%) representa, sozinha, 33,7%; a ON da estatal caiu 14,55%. Foi o pior desempenho das duas ações desde o escândalo envolvendo os donos da JBS, em maio do ano passado.

A queda forte da Petrobras acompanhada de giro intenso indica que houve saída massiva do investidor, tanto estrangeiro, que negocia mais ações ordinárias, quanto local, que movimenta com mais intensidade as ações preferenciais. O giro da PN foi hoje o maior da história: R$ 4,8 bilhões. E a Petrobras perdeu, de ontem para hoje, R$ 47 bilhões em valor de mercado, depois dos ajustes finais da bolsa.

Gestores e analistas veem no tombo da Petrobras uma clara demonstração de que o investidor se frustrou muito com a decisão da empresa de reduzir o preço do diesel. Além de ter que assumir o impacto disso, diante do dólar e do petróleo em alta, o anúncio da empresa traz de volta o fantasma da ingerência política que por muitos anos afetou a percepção do mercado.

Na leitura geral, a estatal demorou muito para construir uma imagem de independência e, com a decisão de ontem, esse voto de confiança cai por terra. "A Petrobras não tem capital político para bancar uma decisão dessa, a mensagem que se manda é a pior possível", afirma um operador.

Em um dia em que o mercado claramente mudou de humor, investidores buscaram refúgio em outros papéis que oferecem melhor proteção contra o risco. Enquanto Petrobras arrasta também outras ações de estatais, como Eletrobras e Banco do Brasil, papéis como Itaú e Vale, que têm importante peso no índice, dão suporte ao mercado.

A ação da Vale avançou 1% hoje. E isso acontece porque, no setor de commodities, o investidor que quer manter alguma alternativa na carteira migra para a mineradora no lugar da petrolífera. Já Itaú Unibanco PN (+1,32%) acompanha a perspectiva de pagamento maior de dividendos aos acionistas ainda neste ano.

A BRF (+6,40%) liderou as altas desta tarde, depois que a crise na Petrobras abriu especulações em torno de uma possível saída de Pedro Parente da presidência da estatal para o comando da empresa de alimentos ? Parente já é atualmente presidente do conselho da BRF.

Já Suzano ON (+6,02%) está na lista de companhias que oferecem proteção cambial ("hedge"), uma opção importante no momento de forte instabilidade que atinge o Brasil. "É uma empresa que oferece proteção, assim como a Vale. A mineradora tem mais liquidez, por isso não avança na mesma proporção da Suzano", diz um operador.