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Percepção de risco piora e juro longo vai a máximas de meados de 2017

25/05/2018 17h00

O ambiente de negócios só piorou para os juros futuros na tarde desta sexta-feira.As taxas de longo prazo, que são mais sensíveis a questões estruturais, renovaram suas máximas em mais de um ano.As principais métricas de percepção de risco bateram níveis ainda mais elevados enquanto a crise dos combustíveis se agravou no país sem uma solução clara do governo.

ODI para janeiro de 2027 subiu, nesta sexta-feira, ao nível de 11,250%, caminhando para o patamar mais elevado desde 5 de junho do ano passado, quando fechou em 11,270%.Naquela época, entretanto, a Selic estava fixada em 10,25% ao ano. Ou seja, a diferença entre o juro longo e a taxa básica subiu de cerca de um ponto percentual para quase cinco pontos atualmente, o que denota a deterioração da percepção de risco de longo prazo a despeito da conjuntura econômica de inflação baixa.

A piora fica ainda mais clara num vencimento ainda mais longo, de janeiro de 2029. A taxa subiu até 11,490% nesta sexta-feira, que pode se tornar o novo pico de fechamento desde 4 de janeiro de 2017 (11,550%), quando o juro básico estava em 13,75%.

Outro importante indicador da percepção de risco reforça a leitura de um ambiente mais duro. A diferença entre as taxas do contrato de DI para janeiro de 2023 e para janeiro de 2020 tem subido desde fevereiro, chegando agora a 269 pontos-base, 122 pontos acima das mínimas do ano.

O estrategista de uma corretora bastante ativa no mercado alerta que a deterioração de curto prazo ainda pode avançar mais um pouco. O mercado, diz o especialista, chegou bem perto de testar níveis de zeragem de posições, ou "stop loss" no jargão do mercado. Ele destaca que o gatilho vem de pontos acima de 8,80% no DI janeiro de 2021, que foi tocado hoje na máxima do dia. Para o DI janeiro de 2023, a zona de risco partiria de 10,32%, que foi pontualmente superada nesta sexta-feira.

"O que me surpreende é o potencial de complicar a dificuldade fiscal que o país vive", diz Gustavo Rangel, economista-chefe do banco ING para América Latina. No ano que vem, haverá menor espaço fiscal, diz o especialista, e talvez ainda mais pressão de outros grupos por gastos e benefícios. "A situação do capital político do novo governo fica ainda mais complicado já que terá de aprovar medidas fiscais bem impopulares para reequilibrar as contas."

No fim da sessão regular, às 16h, o DI janeiro/2019 marcava 6,675% (6,660% no ajuste anterior); oDI janeiro/2020 subia a 7,590% (7,540% no ajuste anterior); oDI janeiro/2021 marcava 8,780% (8,690% no ajuste anterior); oDI janeiro/2023 subia a 10,290% (10,130% no ajuste anterior); e oDI janeiro/2025 tinha alta a 10,910% (10,690% no ajuste anterior).