Bagaço de laranja e restos de cerveja viram aguardente em pesquisa da Unesp
Pesquisadores da Unesp (Universidade Estadual Paulista), de Araraquara (SP), desenvolveram uma aguardente a partir do bagaço de laranja.
Além de utilizar o subproduto da indústria de suco de laranja, que tem presença forte na região de Araraquara, no lugar da cana-de-açúcar, a fórmula da bebida também aproveita um resíduo de cervejarias locais.
Na indústria, depois que a laranja é prensada para a retirada do suco, o bagaço é descartado ou usado como parte da ração para gado. Também é possível extrair do bagaço um líquido, chamado de líquor.
Anos atrás, um aluno da Unesp que trabalhava em uma indústria de suco levou esse material à universidade para analisar potenciais usos. “Ele já havia tentado fazer álcool com o líquor, mas não obteve sucesso. Daí surgiu a ideia de desenvolver uma bebida”, afirma o professor e pesquisador do Centro de Pesquisa da Cachaça da Unesp, João Bosco Faria.
Bebida ficou dez anos em teste e deve ser produzida a partir de 2015
Foram dez anos de testes até chegar ao produto final, que, segundo Farias, é comparável às bebidas feitas a partir de cana-de-açúcar e poderá ser explorado por pequenos produtores.
Ele afirma que a aguardente de bagaço de laranja já está patenteada e pode entrar em produção a partir de 2015.
Testes inicias de degustação feitos com o público, segundo o professor da Unesp, apontam para um sabor marcante de aguardente e um toque suave de laranja, nem sempre identificado nas provas.
“Tem gente que só identifica [o sabor da fruta] depois que falamos que é feito com um líquido que vem do bagaço da laranja”, diz.
Bebida feita com bagaço de laranja não pode ser chamada de cachaça
“A bebida feita a partir da laranja deve se chamar aguardente, porque nela não usamos a cana-de-açúcar”, diz João Bosco Faria.
Segundo ele, somente quando é feita a partir de cana e no Brasil é que uma bebida pode ser considerada como cachaça.
O pesquisador afirma que ainda são necessários alguns ajustes no processo de fabricação da aguardente. Quando isso for finalizado, a universidade deverá passar a ensinar pequenos produtores a fazer a bebida.
Processo de fabricação também usa resíduo da indústria de cerveja
Para chegar ao sabor que a aguardente tem hoje, foram feitos “testes a perder de vista”, segundo o professor Farias. Durante as pesquisas, foi incluído na fórmula um resíduo da indústria de cerveja: a levedura.
A substância, que pode ser usada por produtores rurais como adubo, ajuda na fermentação da bebida, transformando o açúcar em álcool.
A fabricação da aguardente começa com a obtenção do líquor. O bagaço de laranja é prensado juntamente com cal, para facilitar a extração do líquido.
Ele é então fermentado com a ajuda da levedura descartada pelas cervejarias, e é destilado duas vezes. Depois, fica armazenada por pelo menos dois anos em barris de carvalho, para deixar a bebida mais encorpada e com mais sabor.
“Acreditamos que o valor da bebida se aproximará do de uma cachaça de qualidade. Não deve ser muito superior, porque a matéria-prima é barata”, afirma Faria.
Produção de cachaça no Brasil é de 1,3 bilhão de litros
De acordo com o Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça), foram produzidos no Brasil no ano passado 1,3 bilhão de litros de cachaça. O país tem mais de 40 mil produtores (4 mil marcas).
Os Estados que mais se destacam na produção da cachaça são São Paulo, Pernambuco, Ceará, Minas Gerais e Paraíba.
Cerca de 60 países importam a cachaça brasileira, de acordo com dados do Ibrac. Entre os principais mercados de destino estão Alemanha, Portugal, Estados Unidos, França e Paraguai.
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