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'Rufião' e 'Vaca Móvel' levam sêmen de touro e analisam leite em MS

Priscila Tieppo

Do UOL, em São Paulo

19/11/2013 06h00

Rufião e Vaca Móvel estão mudando a produção de leite em Mato Grosso do Sul. Os carros que ganharam esses nomes têm levado melhor genética e maior qualidade ao gado leiteiro de pequenos produtores do Estado.

Quem conduz esses laboratórios sobre rodas são veterinários e técnicos do IBS (Instituto Biosistêmico) que fazem parte de um programa coordenado pelo Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), para visitas periódicas a propriedades rurais.

Os que vão no Rufião levam sêmen de touros para fazer inseminação artificial no rebanho --técnica pela qual se introduz o sêmen no aparelho reprodutivo da vaca-- e equipamentos para realizar análise do material genético e até ultrassom nas fêmeas.

Ja os profissionais que circulam no Vaca Móvel cuidam das análises do leite, através das quais podem indicar, por exemplo, se é preciso melhorar a alimentação do rebanho para aumentar a qualidade do produto.

Desde 2011, quando teve início, o projeto já atendeu a 760 produtores de sete municípios do Estado: Campo Grande, Bandeirantes, Jaraguari, Sidrolândia, Dois Irmãos do Buriti, Terenos e Rochedo.

Cada produtor recebe, em média, quatro visitas por ano.

Criadora de gado faz inseminação no rebanho

Elza Ento, 63 anos, é uma das produtoras de leite em Rochedo (MS) que recebe o Rufião em seu sítio. Foram três visitas até agora.

“Meu rebanho tem 90 cabeças. As vacas adultas, em fase de reprodução, são em média 60. Já conhecia a técnica [de inseminação artificial] e, apesar de ser criadora há apenas dois anos, eu mesma inseminava as vacas. Aprendi muito com eles [os veterinários do programa]”, afirma.

Por dia, na propriedade, são produzidos em média 200 litros de leite --embora, segundo Elza Ento, a produção ainda não reverta grandes lucros na venda direta aos laticínios. Porém, as vantagens do melhoramento genético são visíveis, segundo ela.

“Se você depende do touro, a cobertura é incerta", diz, referindo-se à reprodução natural do rebanho. "A inseminação, além de programada, é certeira. Toda semana nascem dois, três bezerros. A mortalidade é zero, nem na seca brava morrem animais."

Resultados das análises saem na hora para produtores

De acordo com a gestora técnica do projeto, Pauline Barbosa, o resultado das análises feitas pelos veterinários sai na hora para o produtor.

No caso da verificação do leite, é preciso separar 200 ml do produto e manter sob refrigeração até a Vaca Móvel chegar.

A análise indica, por exemplo, a quantidade de gordura, proteína e água do leite, e, com isso, é possível saber se é preciso fazer alterações na dieta do animal para melhorar o produto.

Nas propriedades que irão receber a visita do Rufião, as vacas a serem investigadas são separadas do restante do rebanho. Com o uso do aparelho de ultrassom, é feito o diagnóstico reprodutivo, para saber se o animal está na idade adequada para procriar, se precisa de hormônio para entrar no cio e se pode receber a inseminação artificial.

“A vaca precisa estar em boas condições reprodutivas. Nos casos em que não há esta possibilidade, indicamos os cuidados necessários. Mas, quando podem ser inseminadas, fornecemos o sêmen”, afirma Pauline Barbosa.

O sêmen de touros é comprado de diversas empresas fornecedoras de genética bovina. O material usado varia em função da composição racial da vaca que será inseminada, mas é sempre usado o sêmen de um animal com potencial para aumentar a qualidade e o volume de produção de leite.

De acordo com o IBS, o sêmen mais fornecido é o de animais da raça girolando, especializado na produção leiteira e resistente ao calor.

Cada propriedade pode receber até 10 inseminações por ano.

Agromóvel faz “raio-x” do solo das propriedades

Além do Rufião e do Vaca Móvel, o Sebrae e o IBS também mantêm o Agromóvel, que leva engenheiros agrônomos para fazer análise do pasto das propriedades duas vezes por ano.

Isso interfere diretamente na alimentação dos animais e, como consequência, na qualidade do leite.

Os três projetos somam 21 carros em atuação.