Ir à Copa do Mundo na Rússia custa até R$ 45 mil; veja dicas para planejar
Faltam 10 meses para o início da 21ª Copa do Mundo de Futebol, com sede na Rússia. Quem quiser ver a bola rolar a partir do dia 14 de junho de 2018 no estádio de Luzhniki, em Moscou, pode preparar o bolso, pois a viagem é bem cara. A Copa termina no dia 15 de julho.
Ricardo Humberto Rocha, professor de Finanças do Insper, estima que o turista deve se preparar para gastar entre R$ 30 mil e R$ 45 mil por pessoa com a viagem, na média.
Essa estimativa abrange a primeira fase da Copa (de 14 a 28 de junho de 2018), considerando gastos com ingressos para três jogos, passagem aérea de ida e volta (com voo saindo de São Paulo), hospedagem de duas semanas e gastos com alimentação, além de um valor extra para lazer. "É uma viagem cara, então procure baratear ao máximo, pagando com milhas, comendo no McDonald's por lá", diz.
Além do professor Rocha, o UOL consultou dois especialistas para saber quais as dicas para economizar e conseguir realizar o sonho de assistir à Copa (e, quem sabe, ver o Brasil levar o hexa). São eles: Renata Franco, diretora-geral da Stella Barros Turismo, e Ricardo Teixeira, coordenador do MBA em Gestão Financeira da Fundação Getúlio Vargas (FGV-RJ).
Segundo eles, o primeiro passo é fazer um orçamento detalhado, verificando gastos com passagem, hospedagem, alimentação, transporte, ingressos e um dinheiro extra para lazer e compras.
Passagem aérea
Quanto antes comprar uma passagem aérea, melhor, pois os voos tendem a ficar mais caros quanto mais próxima a viagem.
Segundo pesquisa no buscador de voos Kayak, feita na segunda-feira (14), a passagem mais barata de ida e volta para Moscou custa a partir de R$ 4.119,21 (incluindo taxas), pela Alitalia, saindo de São Paulo no dia 12 de junho de 2018 e chegando a Moscou no dia 14 de junho, após 29 horas e 15 minutos de viagem. A volta seria no dia 26 de junho e chegada no dia seguinte, depois de 29 horas e 35 minutos de viagem.
A Stella Barros oferece voos regulares de ida e volta para a Rússia a partir de US$ 2.000 (R$ 6.600, valor calculado de acordo com a cotação de R$ 3,30 do dólar turismo fornecida pela Stella Barros na segunda-feira, 14), incluídas as taxas.
Teixeira sugere que o consumidor pesquise se vale mais a pena financeiramente ir para uma outra capital europeia primeiro e depois comprar um voo de baixo custo para Moscou ou a cidade que escolheu como base. “Pode sair mais barato", diz.
Pacotes e hospedagem
Agências de viagem como Agaxtur, Stella Barros e Trains & Tours são algumas das que oferecem pacotes para a Copa do Mundo. Agaxtur e Stella Barros oferecem diversas opções de preços e tipos de hospedagem. Trains e Tours oferece dois pacotes, um com saída para 13 de junho de 2018 e outro com saída para 3 de julho de 2018. Veja alguns exemplos de pacotes para a primeira fase (os preços são por pessoa):
- Agaxtur: o pacote custa 7.702 euros (R$ 30.037,80) em apartamento duplo. O valor em reais foi calculado com base na cotação de R$ 3,90 do euro turismo fornecida pela operadora na segunda-feira (14), sem contar taxas, seguro e o imposto. O pacote inclui 12 noites de hospedagem em hotel de classe turística a partir de 14 de junho de 2018 em Moscou e São Petersburgo, café da manhã, transfer de chegada e saída nas cidades, guia brasileiro, city tour e transporte e voo para a cidade onde acontecerão os jogos do Brasil, além de seguro viagem. Preço válido para reservas feitas até dia 31 deste mês. Pacote sem passagem aérea.
- Stella Barros: o pacote com chegada à Rússia em 14 de junho de 2018 tem hospedagem em quarto duplo em Moscou e São Petersburgo, sai a 7.702 euros (R$ 30.268,86, valor calculado pela cotação de R$ 3,93 do euro turismo fornecida pela operadora na segunda-feira, 14, sem contar impostos, taxas e seguro). O pacote inclui 12 noites de hospedagem em hotel de classe turística, seguro viagem, guia brasileiro, city tour, café da manhã, transfer de chegada e saída nas cidades e transporte para assistir aos jogos do Brasil. Pacote sem passagem aérea. Preço sujeito a alterações sem aviso prévio.
- Trains & Tours: o pacote sai por 4.880 euros (R$ 19.276,00) em quarto duplo e 6.730 euros (R$ 26.583,50) em acomodação individual (saída no dia 13 de junho de 2018, a partir de São Paulo ou Rio de Janeiro). Os valores em reais foram calculados com base na cotação de R$ 3,95 do euro turismo fornecida pela operadora na segunda-feira (14), sem contar taxas, seguro e o imposto. Os pacotes incluem passagem aérea ida e volta com destino a Moscou, 13 noites de hospedagem em hotel categoria quatro estrelas, café da manhã, city tour panorâmico, guia falando português ou espanhol, dois almoços e quatro jantares e transporte para o estádio no dia do jogo do Brasil. Esses preços valem até o dia 31 deste mês.
Para baratear o custo, é possível pesquisar o preço de hotéis e hostels em sites de busca de hospedagem. Outra dica é procurar quartos para alugar por sites como o Airbnb. Nesse caso, é melhor certificar-se com antecedência se o anfitrião fala inglês, pois essa é uma dificuldade adicional na Rússia: a diferença da língua e do alfabeto.
Alimentação
Segundo Franco, da Stella Barros, é possível calcular um gasto diário de 80 euros (R$ 314,40, considerando a cotação de R$ 3,93 do euro turismo fornecida pela Stella Barros na segunda-feira, 14) entre almoço e jantar ou 120 euros por dia (R$ 471,60), caso inclua o café da manhã também.
Se for ficar duas semanas na Rússia, almoço e jantar sairiam por cerca de R$ 4.401,60 no total (e sem café da manhã). Com café da manhã, a conta fica em R$ 6.602,40.
Ingressos
Os pacotes de hospedagem não incluem os ingressos. Nesse caso, é possível comprá-los pelo pacote “hospitality” oferecido por Agaxtur e Stella Barros, no qual cada ingresso para a Copa custa US$ 850 (R$ 2.805,00, calculada pela cotação de R$ 3,30 do dólar turismo fornecida pela Stella Barros na segunda-feira, 14).
Se quiser assistir aos três jogos do Brasil na primeira fase, irá desembolsar US$ 2.550 (R$ 8.415,00, calculada pela cotação de R$ 3,30 do dólar turismo). Segundo Franco, a Fifa exige que se compre no mínimo dois ingressos para essa categoria “hospitality”. "Quem compra esse tipo de ingresso consegue garantir a entrada para o jogo do Brasil. Hoje é a única maneira de garantir isso", diz. O pacote "hospitality" inclui uma série de benefícios como acessos exclusivos aos jogos, assento de categoria 1, presentes, comidas e bebidas no estádio.
A partir de setembro, os torcedores poderão começar a comprar pelo site da Fifa, mas não é possível saber quais seleções estarão em campo. Na fase de grupos, os bilhetes custarão entre US$ 105 (R$ 346,50) e US$ 210 (R$ 693). A conversão para real foi calculada pela cotação de R$ 3,30 do dólar turismo fornecida pela Stella Barros na segunda-feira (14).
Como planejar financeiramente a viagem
Se você já tiver o dinheiro para comprar a passagem aérea e tiver certeza de que terá como pagar as prestações do pacote, o professor Rocha sugere fechar negócio agora para garantir o preço em reais.
“Se tiver o dinheiro aplicado, vá retirando aos poucos por mês para pagar as prestações do pacote”, diz. Ele sugere essa estratégia para fixar o preço das despesas em reais e não depender da cotação da moeda estrangeira.
Teixeira diz que não se deve comprometer mais de 20% da renda líquida mensal (tudo o que recebe já descontados os impostos) nas parcelas com a viagem. Se for ultrapassar esse valor, é melhor esquecer a viagem e se planejar melhor para a Copa do Mundo em 2022, no Catar, economizando um pouco por mês para atingir esse objetivo.
O dinheiro dos gastos para a viagem deve ficar em aplicações que permitam resgate diário, como poupança, fundos DI ou CDBs.
A compra de euros deve ser feita todo mês, para diluir os riscos de comprar quando estiver caro demais. “É melhor fazer o preço médio, pois não há expectativa que o real irá se desvalorizar muito ante o euro e o dólar”, diz Teixeira.
Ele sugere ainda que o turista leve uma parte do dinheiro em euros e uma parte em rublos (a moeda russa). Não vale a pena levar tudo em rublo porque, se não gastar tudo, vai perder dinheiro, se tiver de converter novamente a moeda para euro ou dólar. “Leve somente o que tiver certeza de que vai usar lá”, diz.
O professor da FGV afirma ainda que o ideal é usar o menos possível o cartão de crédito por causa do IOF de 6,38%. Segundo ele, a variação cambial na época do pagamento também pode não ser favorável. "O cartão oferece mais segurança, mas a viagem pode sair muito mais cara", diz.
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