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Sonha em fazer intercâmbio? Veja dicas para guardar dinheiro e se planejar

Matheus Adami

Colaboração para o UOL, em São Paulo

15/07/2021 04h00

Estudar ou viver fora do Brasil por algum tempo faz parte dos sonhos de muitas pessoas. Mas o dinheiro investido em um intercâmbio pode ser um empecilho, ainda mais em tempos em que o dólar e o euro são cotados acima dos R$ 5.

No segundo episódio do programa Desafio Aceito, Thelma Assis, a vencedora do BBB20, ajuda uma psicóloga recém-formada que sonha em fazer um intercâmbio, mas não consegue guardar dinheiro para isso. Laryssa Lira, 25, pediu ajuda ao programa para conseguir se livrar da compulsão por compras para então passar a poupar e realizar seus planos.

O UOL consultou planejadores financeiros e reúne abaixo dicas para conseguir pagar a viagem. Veja.

Planejamento é tudo

Para Gustavo Dias, planejador financeiro e cofundador da consultoria Duoo Finanças Pessoais, é fundamental ter organização e saber que a viagem começa muito antes do momento em que se entra no avião.

"Fazer intercâmbio envolve vários detalhes como passagem, hospedagem, certificado do idioma, seguro e outros. Por isso tenha todas essas informações anotadas e com os possíveis gastos que terá com cada item."

Fernanda Prado, planejadora financeira, vai na mesma linha. "O primeiro passo é definir qual o objetivo do intercâmbio e, a partir disso, selecionar as melhores opções de destino. O próximo passo é pesquisar. Entender qual o tempo de duração e o custo do programa de intercâmbio. Além disso, mapear todos os demais custos envolvidos neste projeto: passagens, alimentação, hospedagem, passeios etc", disse.

Quanto custa fazer um intercâmbio?

Não há regra aqui. Isso porque a resposta depende de vários fatores, como o país para o qual a pessoa vai, qual a data da viagem e o tempo de permanência, qual o custo de vida no local, se existe a possibilidade de trabalhar durante o intercâmbio, entre outros fatores.

"Mapeados todos os custos, é possível fazer o planejamento financeiro, considerando o prazo disponível. Por exemplo, vamos supor que este objetivo custo R$ 20 mil e a pessoa disponha de um ano e meio para planejar a concretização desse projeto. Como, neste caso, temos 18 meses para planejamento, isso implicará em ter que poupar cerca de R$ 1.100 por mês", disse Fernanda Prado.

Quando comprar moeda estrangeira?

Parte da organização financeira para o intercâmbio passa pelo inevitável momento de comprar moeda estrangeira. Com o dólar e o euro valorizados frente ao real, surge a pergunta: qual é o momento ideal de comprar a moeda? Para os especialistas consultados pelo UOL, a resposta é: sempre.

"O melhor dia para comprar é o dia em que você tem reais. Hoje está muito mais fácil fazer isso do que há alguns anos. Antes você tinha de ir em uma casa de câmbio, fazer cotação, fazer reserva, pagar TED, ir pessoalmente lá retirar", falou Ricardo Gomes, planejador financeiro da Planejar.

"Se você tem o dinheiro, o interessante é ir comprando aos poucos a moeda e fazer o que chamamos de preço médio. Uma opção secundária é utilizar um investimento que investe em câmbio, ou seja, dólar ou euro — fundos que investem em dólar ou euro", falou Nayara Boer, planejadora financeira e sócia da Renova Invest.

Nayara, inclusive, viveu isso na pele. Hoje com 28 anos, a especialista em finanças passou um mês estudando inglês em Los Angeles, nos Estados Unidos, quando tinha 21. O planejamento começou aos 19.

"Para uma viagem daqui a dois anos, por exemplo, faz sentido fazer uma divisão: uma parte você vai comprando dólar; outra parte pode ser investida em algo seguro. Essa foi a estratégia que eu usei. Peguei dólar a R$ 3,80 e a R$ 4,20 durante um ano", contou.

Renda extra pode ser uma boa para guardar dinheiro

Nayara dá uma dica que foi testada e aprovada por ela: buscar uma renda extra. Durante os dois anos que antecederam o intercâmbio, a então universitária trabalhava em uma corretora de câmbio e atacou de empresária.

"Montei uma loja online de acessórios e vendia coisas. Ali consegui cerca de R$ 8.000 durante uns 14 meses, foi um dinheiro extra", disse ela, que economizou quase R$ 20 mil para a viagem aos Estados Unidos. Caso fosse viajar hoje, ela diz que abriria um negócio de alimentação.

Preciso economizar até no cafezinho?

A valorização das moedas estrangeiras frente ao real pode assustar. Além disso, há os outros custos atrelados ao intercâmbio. Portanto, cortar toda e qualquer despesa é o caminho a ser percorrido, certo? Nem sempre.

"Isso de cortar o cafezinho serve para quem já não tem de onde cortar. Mudar o plano de internet para outro mais barato, por exemplo, é algo que vai ajudar a economizar no hoje e também no futuro. Uma decisão hoje que vai impactar no futuro é a melhor saída", falou Lai Santiago, educadora financeira da Open.

"Claro que quanto mais conseguir investir mensalmente, mais rápido acumulará. Mas isso não precisa ser um sacrifício. É possível equilibrar os investimentos com os lazeres do dia a dia", pontuou Gustavo Dias, da Duoo.

Mas, em casos em que o jeito é cortar até o cafezinho, é preciso olhar para o futuro. "A questão toda é o que nós chamamos de escolhas temporais. Tudo é uma questão de escolha. Ou eu vou tomar o cafezinho agora ou vou tomar o cafezinho em outro país mais tarde. A questão é: quando que você vai fazer? Pensando em longo prazo, é difícil, tudo está muito longe. É preciso se lembrar dos objetivos a todo momento", falou Gomes, da Planejar. Ele sugere usar algum lembrete ou artifício para manter o foco.

É melhor levar dinheiro ou cartão de viagem?

Outro questionamento comum quando o assunto é intercâmbio ou viagens em geral é se é melhor levar o dinheiro do país de destino em espécie ou nos chamados cartões de viagem.

O motivo é a diferença do IOF. Para o dinheiro em espécie, a taxa é de 1,1%. Nos cartões pré-pagos ou até em cartões de crédito internacionais, a alíquota salta para 6,38%.

"Mas é preciso ver o custo efetivo total. Em papel-moeda, o IOF é menor, só que, para a corretora ter esse dinheiro em espécie lá o custo é mais alto e às vezes a cotação tem um valor embutido que você não vê", afirmou Ricardo Gomes, da Planejar.

"O país escolhido precisa ser considerado. No Canadá, por exemplo, se usa dólar canadense, que não é uma moeda muito fácil de ser encontrada. Nesse caso, você compra dólar ou euro e, lá, fará a troca. Ou seja, vai perder duas vezes. Nesse caso é mais negócio ter um cartão em moeda estrangeira e já sacar o dinheiro lá."

Para Nayara, as chamadas contas globais, já disponíveis em alguns bancos no Brasil, podem ser uma boa solução. "Há alguns bancos que é possível abrir uma conta no Brasil para colocar dólar. Você vai pagar o mesmo IOF de papel-moeda", disse. Alguns exemplos são C6 Bank, BS2 e Nomad.

Desafio aceito

Thelma Assis comanda o Desafio Aceito e ajuda oito personagens a transformarem suas vidas através de mudanças de hábitos, da compulsão por compras ao vício em cigarro, entre outros. O programa vai ao ar toda segunda-feira, às 19h no Canal de Universa.