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Petrobras encontra obstáculo para perfurar no maior campo petrolífero do Brasil

Peter Millard e Sabrina Valle

11/02/2015 14h35

(Bloomberg) - A Petrobras redirecionou um poço em sua maior reserva de petróleo ao encontrar uma zona de pressão, o que evidencia as dificuldades técnicas que deverão ser enfrentadas pela nova equipe administrativa da empresa.

Durante a perfuração do poço 3-RJS-735 houve uma prisão de parte da coluna e o consórcio de Libra decidiu fazer um desvio no poço para concluir a fase de perfuração até a profundidade final prevista, disse a empresa estatal com sede no Rio de Janeiro, em reposta enviada por e-mail a perguntas na terça-feira.

Um empecilho obrigou a companhia a suspender a perfuração durante mais de uma semana, disseram anteriormente duas pessoas com conhecimento do assunto, que solicitaram anonimato porque a questão é interna. Espera-se que a produção comercial no campo de Libra comece em 2020.

Embora a Petrobras tenha aumentando a produção para um recorde em dezembro na chamada região do pré-sal, que guarda os maiores depósitos do Brasil, ela já tinha interrompido a perfuração antes. Em 2010, a empresa abandonou o primeiro poço começado em Libra, mencionando questões mecânicas. Em 2011, a produção foi interrompida brevemente no campo Sapinhoá, na mesma região, por causa do rompimento de um duto.

Esse obstáculo mostra que os desafios que esperam o CEO Aldemir Bendine, que está escolhendo a nova equipe administrativa, vão além das finanças e da corrupção. A companhia está implementando a maior frota do setor de navios de produção em águas profundas para tentar aumentar os resultados e pagar aos poucos suas dívidas. Tudo isso em um momento em que o petróleo está sendo comercializado pelos valores mais baixos em seis anos, depois de terem sofrido uma queda de quase 50 por cento.

A companhia terá mais autonomia sob a nova gestão e possui a melhor equipe técnica do mundo, disse Bendine em uma entrevista transmitida pela Rede Globo.

Dificuldades

Bendine assumiu o cargo no dia 6 de fevereiro, depois que a CEO anterior, Maria das Graças Foster, e cinco gerentes executivos pediram demissão em meio a dificuldades para informar as baixas contábeis relacionadas aos subornos.

A Petrobras adquiriu uma participação de 40 por cento em uma concessão de 35 anos de Libra, a maior descoberta da história do Brasil, em um leilão do governo ocorrido em outubro de 2013. Foi o primeiro leilão dos campos submarinos, conhecidos como pré-sal, usando um modelo de compartilhamento da produção. A Petrobras perfurou o primeiro poço em 2010 em nome da Agência Nacional do Petróleo como parte de um projeto para coletar dados sobre a região antes de oferecer as áreas.

A Total SA e a Royal Dutch Shell Plc possuem uma participação de 20 por cento cada na concessão, ao passo que a China National Petroleum Corp. e a Cnooc Ltd., com sede em Pequim, têm 10 por cento cada.

O Brasil calcula que Libra tenha um volume de até 12 bilhões de barris de petróleo bruto recuperável, cinquenta por cento a mais do que as reservas comprovadas do Equador, país-membro da OPEP. A Schahin Petróleo e Gás SA, proprietária do navio-sonda Cerrado, que a Petrobras contratou no ano passado para perfurar dois poços em Libra, disse por e-mail que não pode fazer comentários sobre o projeto devido às cláusulas de confidencialidade.

Título em inglês: Petrobras Hits Drilling Snag at Brazil's Biggest-Ever Oil Find

Para entrar em contato com os repórteres: Peter Millard, no Rio de Janeiro, pmillard1@bloomberg.net; Sabrina Valle, no Rio de Janeiro, svalle@bloomberg.net