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A aposta multibilionária da Airbus: reformular ou não o jumbo A380

Divulgação/Qantas Airlines
Imagem: Divulgação/Qantas Airlines

Julie Johnsson

10/03/2015 10h27Atualizada em 10/03/2015 15h20

(Bloomberg) -- A busca da Airbus por novos compradores para o jato A380 é iminente em um momento em que a fabricante de aviões se aproxima de uma decisão crucial: destinar ou não bilhões de dólares à reformulação da maior aeronave de passageiros do mundo.

Embora o presidente da Emirates Airline, Tim Clark, esteja estudando a ideia de adquirir até 200 novos superjumbos, desde que com motores novos e atualizados, a Airbus disse na segunda-feira que precisa de mais clientes para um A380neo antes de se comprometer com o programa.

"Tim claramente quer que façamos isso", disse o diretor de vendas da Airbus, John Leahy, em entrevista na conferência anual da Sociedade Internacional de Comércio de Aeronaves de Transporte, em Phoenix.

"Ele é um dos CEOs mais inteligentes e talentosos do setor, por isso levamos o conselho dele a sério, muito a sério. Mas os aviões precisam ser construídos em torno de um argumento comercial. Não podemos fazer isso para apenas uma empresa aérea".

A Turkish Airlines pode influenciar as decisões da Airbus. A empresa com sede em Istambul está negociando o leasing de duas aeronaves A380 da Malaysia Airline em uma fase de testes para ver como um avião com cerca de 500 assentos funcionaria junto com o restante de sua frota.

"A THY [Turkish Airlines] tem a ambição de ser a próxima Emirates, e a Emirates provou que o A380 é parte de sua estratégia", disse Leahy. "Para mim, é óbvio que o A380 será parte da estratégia da THY".

Em 2014, a Airbus não recebeu encomenda de nenhuma empresa aérea pelo A380, que tem quatro motores, está em operação há menos de uma década e enfrenta uma preferência mais forte das empresas aéreas pelos modelos mais eficientes de dois motores, como o A350, da própria empresa, e o Boeing 777.

Reformulação cara

A atualização de aviões operantes com novos motores e asas mais aerodinâmicas pode consumir bilhões de dólares e demorar anos para ser concluída. A Airbus se comprometeu com o A320neo de fuselagem estreita em dezembro de 2010.

O primeiro avião tem previsão de chegar ao mercado neste ano. A Airbus, com sede em Toulouse, França, não informou quanto custaria o desenvolvimento de um A380neo com motores da Rolls-Royce.

Clark previu que o conselho da Airbus deverá optar, nos próximos meses, por um A380neo, mas Leahy disse que não poderia comentar a respeito de nenhum cronograma. A Airbus disse que deverá atingir o ponto de equilíbrio em relação ao A380 neste ano.

Recentemente a Boeing rompeu a seca de encomendas por seu jato 747-8 de quatro motores ao vender três cargueiros à Silk Way West Airlines. Leahy não acredita que o jumbo da Boeing reduzirá as perspectivas de venda do A380, mesmo se sua rival com sede em Chicago encerrar o programa 747, algo que os analistas sugerem como provável.

"Nós nos referimos a ele em Toulouse como zumbi", disse Leahy, sobre o 747, também conhecido pelos fãs da aviação como a "Rainha dos Céus".

Randy Tinseth, vice-presidente de marketing da unidade de aviões comerciais da Boeing, disse que a atualização do superjumbo A380 seria uma loucura em um momento em que o mercado estava optando por aviões menores.

"O A380 tem um problema de custo, tem um problema de tamanho", disse Tinseth em entrevista na mesma conferência em Phoenix.