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Farmácias on-line da China criariam concorrência entre Alibaba e empresas estabelecidas

Bloomberg News

30/03/2015 16h21

(Bloomberg) -- Os chineses são insaciáveis comprando pela internet. Eles adquirem de tudo na web, desde anéis de diamante até assentos para vasos sanitários. E lojas on-line como a Alibaba Group Holding Ltd. ainda poderão em breve garantir presença em outra área: a de medicamentos vendidos sob prescrição médica.

Embora a China não tenha especificado quando poderia permitir que esses medicamentos sejam vendidos pela internet, analistas estimam que o governo autorizará as vendas on-line neste ano.

A mudança poderia gradualmente dar nova forma ao mercado de US$ 149 bilhões do país para este tipo de remédio tirando as vendas dos hospitais, que vendem quase três quartos dos medicamentos prescritos, e levando-as às lojas da internet. Esse monopólio muitas vezes gera preços mais elevados para o paciente e contribui para a corrupção no sistema de saúde pública, segundo Yanzhong Huang, autor do livro "Governing Health in Contemporary China" ("Governando a saúde na China contemporânea", em tradução livre).

O país asiático atualmente permite a venda on-line de apenas alguns tratamentos e produtos que não exigem prescrições. Para empresas que possuem escala, as permissões para venda de terapias sob prescrição pela internet seria "definitivamente uma boa notícia", disse Liu Lei, CEO da China Jo-Jo Drugstores Inc., que diz ter um acordo com a subsidiária de saúde da Alibaba para a venda de medicamentos por meio de suas plataformas após a emissão das autorizações. "Com essa mudança, embora nossas lojas estejam em Hangzhou, em última análise qualquer pessoa em toda a China que tenha uma conexão móvel ou Internet poderá se tornar um cliente em potencial".

A segunda maior distribuidora de medicamentos da China -- Shanghai Pharmaceuticals Holding Co. -- anunciou neste mês planos de ter sua própria empresa de medicamentos pela internet para se posicionar "neste momento-chave em que o portão das vendas on-line de medicamentos sob prescrição está prestes a ser aberto". A empresa não respondeu imediatamente aos e-mails em busca de comentários.

Reforma gradual

A Administração de Alimentos e Medicamentos da China também não respondeu imediatamente aos telefonemas e a um fax em busca de comentário a respeito de quando poderia aprovar as vendas de medicamentos sob prescrição pela internet.

A abertura do mercado "pode reduzir a corrupção indiretamente dispersando o poder, pois mais players terão o controle", disse Angus Cole, consultor da Deloitte China, por e-mail. Os pacientes também se beneficiarão com a concorrência maior por meio de preços mais baixos, um serviço melhor e uma maior conveniência, disse ele.

A China busca há anos limpar seu sistema de saúde pública e torná-lo mais eficiente. No mês passado, a Comissão Nacional de Saúde e Planejamento Familiar informou em um comunicado que haviam sido emitidas novas regras para aquisição de medicamentos em hospitais públicos para resolver problemas, incluindo "propinas por medicamentos e casos de suborno comercial com ocorrência frequente". A agência, que supervisiona reformas de hospitais públicos, não respondeu a um fax em busca de comentário.

'Novo começo'

O ex-chefe da agência reguladora dos medicamentos Zheng Xiaoyu foi executado em 2007 por aceitar propinas em meio a uma repressão aos medicamentos falsos. A fabricante de medicamentos GlaxoSmithKline Plc foi multada em 3 bilhões de yuans (US$ 483 milhões) em setembro passado depois que autoridades judiciais chinesas consideraram a empresa culpada de subornar funcionários de fora do governo. Na ocasião, a Glaxo disse "aceitar os fatos e a evidência" da investigação e afirmou que havia adotado medidas para retificar os problemas identificados em suas operações na China. Uma porta-voz da Glaxo disse que a empresa não tem nenhuma atualização a fazer sobre o caso ou sobre a multa.

Na China, os médicos que trabalham em hospitais emitem prescrições que são posteriormente preenchidas na farmácia do hospital. Por isso, uma mudança rumo à internet seria "um novo começo da China para testar e separar as prescrições elaboradas pelos médicos do estoque de medicamentos", disse Huang. A Associação Chinesa de Médicos não respondeu a um fax em busca de comentário.

A Alibaba disse por meio de uma porta-voz que prefere não realizar novos comentários a respeito de seus planos porque "o governo chinês ainda não abriu o mercado de venda on-line de medicamentos sob prescrição". A empresa disse que está de olho no desenvolvimento das políticas sobre o assunto.

Título em inglês: China Web Pharmacies Would Have Alibaba Vying With Legacy Firms

Para entrar em contato com a equipe da Bloomberg News: Natasha Khan, em Hong Kong, nkhan51@bloomberg.net; Li Hui, em Pequim, hli355@bloomberg.net.