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Novo avião da Bombardier é um sucesso - pelo menos no Iraque

Frederic Tomesco

02/06/2015 13h56

(Bloomberg) - Neste mês, na Exibição Aérea de Paris, a maior e mais antiga deste tipo, Alain Bellemare, da Bombardier Inc., fará de tudo para mostrar seu jato mais novo - com planos de fazer com que um voe pelo céu francês sobre os executivos da aviação reunidos.

De qualquer forma, será difícil vendê-lo.

O desafio do CEO é seduzir operadoras que dependem da Boeing Co. ou da Airbus Group NV e que cada vez mais preferem aviões maiores do que os da Bombardier. O jato CSeries tem mais de dois anos de atraso, o número de pedidos é inferior às previsões e a maioria dos poucos compradores é de operadores diminutos como a Iraqi Airways ou a AirBaltic.

Em jogo está saber se Bellemare, 53, pode reviver a Bombardier, com sede em Montreal, depois que excessos de custos do CSeries provocaram um prejuízo em 2014, o primeiro em quase uma década para a fabricante de aviões e vagões de metrô. Bellemare tem agido para estabilizar a Bombardier desde que passou a ser CEO em fevereiro, mas agora ele tem que suscitar interesse em um modelo que segundo a companhia gerará até US$ 8 bilhões por ano até 2020 - sobre uma base de vendas de US$ 21 bilhões no ano passado.

"Na exibição aérea, descobriremos se Alain tem a equipe certa para mover o metal", disse Nicholas Heymann, analista da William Blair Co. cujo ceticismo em relação à lista de clientes da Bombardier lhe inspirou uma referência a uma operadora fictícia em tom de brincadeira. "Assine alguns comprovantes. Mostre que você pode fazer negócios com mais alguém além da Tanganyika Airlines. Comece a ganhar o pão" com um peso-pesado do setor, como a American Airlines.

Trabalho

A Bombardier vem trabalhando no CSeries há cerca de dez anos e espera que os gastos em desenvolvimento sejam de US$ 5,4 bilhões, US$ 1 bilhão acima do estimado um ano atrás. A versão menor, que transporta entre 108 e 125 pessoas, está listada por US$ 63 milhões, e a de 160 assentos custa US$ 72 milhões. Espera-se que comecem a funcionar em 2016.

Por todo esse tempo e dinheiro, a Bombardier registrou 243 pedidos de companhias. O número equivale a menos da metade do número de aviões vendidos pela Boeing em um período de seis meses terminado em abril, e é inferior à meta de 300 pedidos da Bombardier quando o CSeries começar a funcionar no primeiro semestre de 2016.

Apenas uma das 14 companhias compradoras, a Deutsche Lufthansa AG, está entre as vinte maiores operadoras do mundo segundo o tráfego de passageiros. Os aviões CSeries da Lufthansa nem sequer ostentarão seu design de marca. A empresa aérea os utilizará na sua unidade suíça.

Previsões

A Bombardier prevê que 7.100 jatos novos com capacidade para 100 a 149 passageiros sejam entregues no período de vinte anos até 2033, representando uma receita combinada de US$ 465 bilhões. O CSeries capturará cerca de metade daquele mercado, segundo previsões feitas por executivos da Bombardier.

Dita projeção é "muito discutível", disse George Ferguson, analista da Bloomberg Intelligence. A Bombardier não apenas enfrenta concorrentes enraizados, mas também é possível que esteja tentando vender um avião em um segmento do mercado que está se contraindo, disse ele.

Operadoras que dependem de aviões menores de fuselagem estreita, como a Southwest Airlines Co., estão "se engrandecendo" - passando para aviões com capacidade para mais de 149 passageiros em vez de substituírem seus atuais modelos, de acordo com Ferguson.

Nos seus primeiros três meses na chefia da Bombardier, Bellemare incorporou novos executivos, pediu uma revisão estratégica das divisões da empresa e arrecadou mais de US$ 3 bilhões em dívidas e ações. Na sua unidade de jatos comerciais, a Bombardier anunciou planos para eliminar 2.750 empregos e suspender as obras do novo Learjet 85.

"O senhor Bellemare está fazendo uma recuperação clássica", disse Louis Hébert, professor de Gestão da escola de administração HEC Montréal. "Ele tomou várias decisões importantes de cara para se dar um pouco de oxigênio. Seu maior desafio agora é vender o avião".

Título em inglês: 'Bombardier's New CSeries Plane Is a Big Hit -- in Iraq at Least'

Para entrar em contato com o repórter: Frederic Tomesco, em Montreal, tomesco@bloomberg.net