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Mercado de bonds do México é o melhor dos piores e investidores não se intimidam com o peso

Christine Jenkins

04/09/2015 14h42

(Bloomberg) -- O mercado local de bonds do México apresenta o melhor desempenho em meio à crise regional. O motivo é que os investidores apostam que os laços do país com os EUA ajudarão a sustentar o crescimento.

Enquanto as moedas caem e os yields dos bonds sobem em toda a América Latina, o México registra um desempenho superior ao de seus pares e a propriedade estrangeira das notas de prazo mais longo está se aproximando de uma alta recorde, mesmo em meio a uma corrida para venda geral nos mercados emergentes.

Para os compradores de bonds do exterior em busca de um ágio em relação às notas americanas, o México é atraente. Sua classificação de crédito é relativamente alta e o país envia cerca de 80 por cento das exportações ao vizinho do norte, diferentemente de países como Peru e Brasil, que dependem da demanda chinesa por commodities. O crescimento econômico excedeu a média regional no ano passado e deverá continuar assim até 2017, enquanto o México implementa leis pensadas para reforçar a concorrência e o investimento nos setores de telecomunicações e petróleo.

"Dentro do universo dos mercados emergentes, o México se destaca como o menos pior", disse Roberto Iván García, trader da Casa de Bolsa Finamex SAB, na Cidade do México. "O país ainda conta com finanças públicas estáveis e um crescimento mais lento que também é estável e realizou reformas estruturais que provocarão impacto no futuro".

Os bonds dos governos regionais do México perderam 7,8 por cento em dólares durante os últimos três meses. Embora possa não soar como algo animador, o resultado contrasta com as quedas de 21 por cento nos bonds da Colômbia e de 20 por cento nos do Brasil. As notas do Peru perderam 8,1 por cento, enquanto as do Chile registraram baixa de 9,2 por cento.

A culpa maior pelos declínios recai sobre as corridas para venda nas moedas locais. O índice da Bloomberg para países em desenvolvimento registrou uma baixa recorde na semana passada. Os investidores apostam que as taxas de juros mais elevadas nos EUA diminuirão o apelo dos ativos dos mercados emergentes, assim como a desaceleração na China está limitando a demanda pelo petróleo, pelos grãos e pelos minerais exportados pela América do Sul.

Os preços das commodities caíram 14 por cento neste ano após quatro declínios anuais consecutivos a partir de 2011.

A queda das moedas foi impulsionada por um declínio de 17 por cento do peso colombiano nos últimos três meses -Colombia tem o petróleo bruto como maior produto de exportação- e por uma queda similar no Brasil, onde matérias-primas como o minério de ferro respondem por metade das exportações. No Chile, maior exportador de cobre do mundo, o peso caiu cerca de 9 por cento. O México, que obtém cerca de 88 por cento de suas exportações com bens manufaturados, viu o peso cair cerca de 8 por cento.

Mudança no sentimento

Considerando que 60 por cento dos bonds em pesos de taxa fixa e longo prazo do México estão em mãos estrangeiras, o país está vulnerável às saídas de capital em caso de uma mudança repentina no sentimento, segundo Rafael de la Fuente, economista-chefe do UBS AG para a América Latina.

"Se todos corressem para levar seu dinheiro para fora, poderiam, de fato, aplicar uma forte pressão de desvalorização sobre a moeda", escreveu Fuente, em um relatório, em 27 de agosto.

Em entrevista concedida na semana passada, o presidente do banco central, Agustín Carstens, disse que os investidores estão fazendo uma aposta "apropriada" ao manter os títulos de longo prazo, considerando os yields baixos em outras partes.

Esse tipo de resiliência poderá continuar, segundo Siobhan Morden, chefe de renda fixa da América Latina da Jefferies Group LLC, que disse que os bonds estão "entre os únicos créditos bons" na região.

"O México é muito diferente em termos de tendências macro globais e levando-se em conta suas próprias tendências econômicas", disse ela, de Nova York. "O país claramente não é tão vulnerável a um choque das commodities quanto o restante da região".

Título em inglês: Mexico Is Best of the Worst With Bond Buyers Undaunted by Peso

Para entrar em contato com o repórter: Christine Jenkins, em Bogotá, cjenkins28@bloomberg.net.