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Zegna pretende reduzir dispêndio de capital em 2016 por desaceleração do número de clientes, diz CEO

Stephanie Wong

08/10/2015 14h32

(Bloomberg) - Ermenegildo Zegna, CEO da fabricante de ternos de luxo que leva seu nome, pretende reduzir o dispêndio de capital em 2016 por causa da redução do tráfego de clientes nas lojas da companhia em todo o mundo.

"Tivemos muito dispêndio de capital no ano anterior", disse Zegna, em uma entrevista em Hong Kong nesta quinta-feira. "Não haveria problema em reduzir o dispêndio de capital durante um ano porque fizemos" alguns investimentos significativos, disse ele. A companhia está dobrando o tamanho de algumas lojas em Londres e abriu pontos de vendas no Japão e em Macau.

Embora Zegna, 60, não tenha definido a magnitude da redução, ele disse que será mais "cuidadoso" em 2016.

A Ermenegildo Zegna Group está entre as fabricantes de bens luxuosos, como a Prada SpA e a Burberry Group Plc, que estão passando por dificuldades financeiras por causa da desaceleração econômica da China e da campanha do presidente Xi Jinping contra a corrupção e os gastos extravagantes. Marcas exclusivas, como a Gucci, também estão pressionando os proprietários em Hong Kong a reduzir o preço dos aluguéis dos imóveis existentes por causa da queda das vendas.

A desvalorização do yuan da China e a queda das ações desse país "sem dúvida geraram certa confusão" que provocou uma "redução bastante acentuada" no tráfego de clientes em agosto, disse o neto do fundador da companhia. Mesmo assim, Zegna não espera que haja um declínio das vendas em 2015.

Valorização cambial

O banco central da Suíça decidiu em janeiro eliminar o limite máximo de cotação do franco, o que provocou turbulências nos mercados do mundo inteiro e fez com que a moeda disparasse e registrasse uma alta recorde frente ao euro. A Zegna, que produz na Suíça a maioria de seus ternos feitos sob medida, tinha planejado renegociar os salários de sua força de trabalho majoritariamente italiana na Suíça e, possivelmente, repassar parte do aumento de custos aos consumidores, disse o CEO em janeiro.

Zegna disse nesta quinta-feira que não pretende aumentar os preços na China. "Quando muito, reduziríamos alguns preços e elevaríamos alguns preços na Europa", disse ele, em entrevista à Bloomberg Television.

As vendas totalizaram 1,21 bilhão de euros (US$ 1,36 bilhão) em 2014, e 90 por cento delas vieram de exportações. Ao todo, elas foram de 1,27 bilhão de euros em 2013, disse Zegna em janeiro.

A companhia dele, que tem mais de 500 lojas em todo o mundo, entrou no mercado chinês em 1991 com uma loja em Pequim. A Grande China é seu maior mercado, responsável por um terço das vendas mundiais. Os EUA são seu segundo maior mercado, e depois vêm a Itália e o Japão, disse ele.

Embora tomando cuidado, Zegna disse que ficou mais otimista em relação a 2016 depois de ver vendas melhores do que o previsto durante o feriado da semana passada na China e uma "leve recuperação" em algumas lojas no restante do mundo.

Título em inglês: 'Zegna Plans to Cut 2016 Capex Amid Customer Slowdown, CEO Says'

Para entrar em contato com o repórter: Stephanie Wong, em Hong Kong, swong139@bloomberg.net