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Opep deve ter nova reunião sem acordo após fracasso de Doha

Grant Smith e Mark Shenk

23/05/2016 12h43

(Bloomberg) -- Após o fracasso do acordo sobre a oferta de petróleo, em Doha, no mês passado, a Opep deverá ter outra reunião sem decisão a respeito da quantidade de petróleo a ser produzida.

Dos 27 analistas consultados pela Bloomberg, 26 disseram que a Organização dos Países Exportadores de Petróleo não estabelecerá uma meta para a produção em 2 de junho e manterá a estratégia da Arábia Saudita de forçar a saída de rivais do mercado, incluindo as exploradoras de xisto dos EUA, bombeando um volume quase recorde. Fracassou o acordo para aplicação de um limite à produção com países não-membros como a Rússia, em Doha, no mês passado, quando as autoridades sauditas insistiram na necessidade de participação do Irã.

O petróleo subiu quase 80 por cento, para cerca de US$ 48 o barril em Londres, em relação ao menor valor em 12 anos, atingido em janeiro, porque os preços baixos causaram um impacto sobre a oferta. A Agência Internacional de Energia e o Goldman Sachs dizem que o excesso de petróleo está diminuindo, o que sinaliza que a abordagem saudita -- questionada pela maioria dos integrantes da Opep quando revelada, no fim de 2014 -- finalmente está compensando.

"A estratégia, a esta altura, está funcionando -- não acho que eles tenham muito incentivo para fazer algo em particular", disse Mike Wittner, chefe de pesquisa de mercados de petróleo do Société Générale. Mesmo se fizessem, as tensões políticas entre a Arábia Saudita e o Irã impedem a cooperação, como foi visto na cúpula de Doha e na reunião da Opep de dezembro passado, ambas "bastante caóticas", disse ele.

Aceleração iraniana

O chefe da empresa petroleira estatal do Irã disse no fim de semana que o país não planeja participar de nenhum congelamento de produção porque ainda está ampliando as exportações para os níveis pré-sanções.

As exportações iranianas provavelmente não ultrapassarão o patamar de 2,2 milhões de barris por dia até meados do trimestre que vem, disse Rokneddin Javadi, diretor-gerente da National Iranian Oil, à agência de notícias Mehr. As exportações atingiram esse nível pela última vez antes da imposição de sanções ao país, há mais de quatro anos.

A reunião ministerial da Opep, em dezembro, terminou sem acordo para fixação de um teto para a produção e marcou o abandono do grupo à meta oficial de 30 milhões de barris por dia mantida -- mas em grande parte ignorada -- desde o fim de 2011.

A atual política do grupo, que permite que os membros produzam o quanto quiserem sem necessidade de coordenação, coloca em dúvida o propósito básico da organização, disse Eugen Weinberg, chefe de pesquisa de commodities do Commerzbank em Frankfurt.

"A pergunta é", disse Weinberg, "a Opep está morta ou apenas em coma?".