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Motor de avião de US$ 10 bi da Pratt tenta destronar GE

Richard Clough

10/10/2016 16h04

(Bloomberg) -- Raramente é um bom sinal quando você se torna alvo de piadas.

Mas foi isso o que aconteceu recentemente com a Pratt & Whitney em uma reunião do setor, quando John Leahy, o venerável chefe de vendas da Airbus Group, falou muito sobre um avião futurista - com um motor que "sem dúvida vai ser entregue com atraso".

O público achou divertido, mas a Pratt certamente não. A empresa gastou US$ 10 bilhões e passou décadas para desenvolver o motor mais silencioso, mais eficiente e menos poluente. Os executivos consideram o produto fundamental para alcançar a rival General Electric no mercado de aviões de fuselagem estreita, a aeronave mais utilizada pelas empresas aéreas em todo o mundo.

No entanto, o lançamento do motor foi marcado por atrasos na produção, problemas técnicos e erros na cadeia de fornecimento. Na semana passada, a Qatar Airways citou os problemas quando anunciou planos para comprar aviões movidos exclusivamente por turbinas da GE. A Pratt foi obrigada a reduzir as entregas prometidas deste ano em 25 por cento, prejudicando algumas empresas aéreas e fabricantes de aviões que contavam com elas. Os problemas atingiram as ações da controladora United Technologies, porque as vendas da Pratt, de US$ 14 bilhões, representam cerca de um quarto de sua receita.

Problemas

No fim da década de 1980, os engenheiros da Pratt começaram a trabalhar em tecnologia para reduzir o barulho do motor e melhorar a eficiência. Neste ano, o novo motor, conhecido como "geared turbofan", teve sua estreia comercial no Airbus A320neo, de 180 assentos (o "neo" no nome é a sigla em inglês de "nova opção de motor"). O preço de tabela do motor: mais de US$ 10 milhões cada, segundo analistas.

Mas os problemas de produção levaram a Pratt a revisar seu cronograma de entregas. No mês passado, a empresa disse que entregaria somente 150 motores neste ano, para fabricantes como a Airbus e a Bombardier, menos do que os 200 prometidos.

Um dos golpes mais duros chegou no dia 7 de outubro, quando a Qatar Airways cumpriu uma ameaça de comprar concorrentes do A320neo devido a preocupações com os atrasos. O CEO Akbar Al Baker, crítico franco dos problemas de motor da Pratt, disse que sua empresa aérea encomendaria até 100 aviões 737 Max da Boeing para "mitigar nosso risco" com o modelo da Airbus. Ele ressaltou a confiabilidade dos jatos da Boeing, que usam motores da CFM International, uma joint venture entre a GE e a francesa Safran.

"Eu acredito que a Pratt vai resolver" os problemas, disse Leahy, da Airbus, aos jornalistas após zombar dos atrasos do motor. "A situação em que nos encontramos é decepcionante, mas por tudo o que conseguimos ver, é um bom motor".