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OCDE prevê crescimento global limitado a 2,9% em 2015 devido a "efeito China"

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Imagem: Shutterstock

09/11/2015 09h39

Paris, 9 nov (EFE).- A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) considera que a economia global está vivendo uma desaceleração neste ano e crescerá 2,9%, um efeito provocado essencialmente pela China, que diminuiu seus intercâmbios comerciais, com repercussões, sobretudo, para os países emergentes, entre eles o Brasil.

A expansão do PIB (Produto Interno Bruto) chinês será neste ano, pela primeira vez desde o início do século, inferior a 7% - a OCDE estima uma alta de 6,8%. Esse desaquecimento deve se intensificar nos dois próximos anos: 6,5% em 2016 e 6,2% em 2017.

A organização prevê que as medidas de estímulo anunciadas pelas autoridades chinesas devem contribuir para fixar um patamar mínimo para a queda dos preços das matérias-primas no mercado internacional, mas ressaltam que uma estratégia fiscal em benefício da proteção social e investimentos ambientais podem contribuir para a economia do país.

Sobretudo, porque muitos outros emergentes estão sofrendo pela mudança de pauta no comércio mundial, especialmente os exportadores de commodities, caso do Brasil.

A OCDE estimou no novo relatório uma retração da economia brasileira de 3,1%, contra 0,8% previsto em maio. A crise prosseguirá em 2016, com uma nova queda, desta vez de 1,2%, em vez da expansão de 1,1% projetada na análise anterior. Para retomar o crescimento, o Brasil terá que esperar a chegada de 2017, quando a entidade prevê um avanço de 1,8% do PIB.

No entanto, em seu relatório semestral de perspectivas, a OCDE aumentou as previsões de 2015 para alguns de seus países-membros em relação às projeções anunciadas em maio, em particular as dos Estados Unidos, que deve se expandir 2,4%, uma alta de quatro décimos.

A economia americana, inclusive, aumentará o ritmo do crescimento econômico para 2,5% em 2016, segundo as estimativas da OCDE, mantendo o índice praticamente estável em 2017, quando a previsão é de um avanço do PIB de 2,4%.

As principais recomendações para que a primeira economia mundial possa manter de forma sustentável essa evolução positiva passam por um aumento salarial, reformas tributárias e na tentativa de conseguir uma distribuição mais equitativa da renda.

Para a zona do euro, a correção em alta foi pequena, de 0,1 ponto percentual, chegando a 1,5%, provocada em grande parte pelo comportamento da economia espanhola, que deve registrar uma ascensão de 3,2% - três décimos a mais do que o previsto em maio.

Mais uma vez, a fragmentação do sistema financeiro entre os países da moeda única europeia, assim como as incertezas sobre os créditos não recuperáveis aparecem como alguns dos principais problemas para uma verdadeira recuperação no Velho Continente.

Além disso, a organização considera que uma maior aposta nos investimentos públicos organizados de forma coletiva - uma clara alusão ao conhecido como "plano Juncker" - permitirá uma aceleração do crescimento, desde que os projetos sejam de "alta qualidade" e respaldados por "boas políticas estruturais".

O Japão é outro muito afetado pelo que ocorre na China. A OCDE reduziu em 0,1 ponto percentual a previsão de crescimento da economia do país neste ano - para 0,6%. O relatório indica uma expansão de 1% em 2016 e uma nova desaceleração em 2017, para 0,5%.

Os autores do estudo destacaram que a transição da China de um modelo baseado nos investimentos em infraestrutura e na indústria a outro mais baseado no consumo e nos serviços é, em grande medida, o responsável pela estagnação do comércio mundial desde o fim de 2014.