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Construção do estádio do Corinthians abre portas para negócios em Itaquera

Afonso Ferreira

Do UOL, em São Paulo

21/08/2012 06h00

A chegada do estádio do Corinthians em Itaquera, na Zona Leste de São Paulo, tem aberto oportunidades e empreendedores se preparam para abrir ou ampliar seus negócios. Escolas de idiomas já notam aumento na demanda de alunos que querem se preparar para receber estrangeiros na Copa e, para abrir uma loja em um shopping do bairro, há fila de espera.

De olho no aumento do fluxo de torcedores em dias de jogos na Arena Corinthians, popularmente conhecido como “Itaquerão”, o empreendedor Danilo de Almeida, 25, planeja um negócio próprio. A ideia é transformar o terreno de 950 m2 que possui na rua Tomazzo Ferrara, a cerca de um quilômetro do futuro estádio, em um estacionamento.

As obras do estádio só devem ser concluídas em 2014, a tempo de sediar a partida de estreia da Copa do Mundo, mas Almeida já está reservando o dinheiro para investir.  “Pelas minhas contas, vou precisar de R$ 30 mil para montar o negócio. A intenção é inaugurar até 2013”, afirma.

A rua onde o terreno está localizado é rota para quem segue de Guaianases e Cidade Tiradentes, também na Zona Leste, para o Centro. Mesmo hoje já é possível notar alguns carros parados na rua por falta de um estacionamento apropriado.

Almeida, que é funcionário de uma imobiliária, diz conhecer pouco sobre gestão de negócios. Para suprir essa carência, ele tem procurado a consultoria do Sebrae-SP, serviço de apoio à micro e pequena empresa, onde assiste a palestras e conversa com donos de empresas.

Cresce demanda por escolas de idiomas na região

Com o início das obras do estádio também cresceu a demanda por cursos de idiomas no bairro. A responsável pela Wise Up de Itaquera, Graziela Regina Zaminiani, 30, está confiante. “As pessoas estão procurando aprender o [idioma] inglês e se preparando para o futuro”, diz. A unidade foi aberta há cerca de um ano.

A poucos metros dali, a Wizard acaba de inaugurar – no início de agosto – seu novo ponto comercial. Segundo o coordenador pedagógico da unidade, Antônio Bosco, 56, a mudança para o prédio maior foi motivada pela alta na procura. “As salas estão lotadas e tivemos de ampliar os horários das aulas aos sábados.”

Bosco trabalha na região há seis anos e afirma que desde o início das obras do “Itaquerão”, em maio de 2011, o comércio está mais aquecido no bairro. “Novas lojas estão vindo para cá e as que já existem começam a ficar mais modernas.”

Shopping tem fila de espera para lojistas

O aquecimento do mercado em Itaquera é percebido também na procura por pontos comerciais no shopping da região. De acordo com o superintendente do Shopping Metrô Itaquera, Bruno Camara, não há vagas para novas lojas e 30 lojistas aguardam na fila de espera para se instalarem no empreendimento.

Para Camara, o poder de compra da nova classe média vem chamando a atenção de empresas, que antes não prestigiavam este público. “O desenvolvimento de Itaquera já é uma realidade. O bairro se tornou o centro das atenções e isso vai além da Copa do Mundo”, afirma.

Empreendedores ainda têm tempo de planejar negócio

Segundo o consultor do Sebrae-SP Marcelo Sinelli, durante a Copa do Mundo, restaurantes, comércios de roupas e souvenires e estacionamentos estarão em alta. Mas, o desafio é fazer com que estes negócios se mantenham firmes após o evento.

A melhor forma de reduzir os riscos, de acordo com o consultor do Sebrae-SP, é começar desde já o planejamento do negócio. “Ainda dá tempo de planejar, mas é bom correr atrás do prejuízo”, afirma.

Bairro vai receber polo tecnológico

Ao lado do “Itaquerão”, está sendo erguido o Polo Institucional Itaquera, que conta com uma Fatec (Faculdade de Tecnologia) e uma incubadora de empresas, entre outros serviços. Também estão previstas áreas para a instalação de empresas na chamada fase de pós-incubagem, fora do Polo Institucional.

Para Sinelli, esta obra deve gerar mais oportunidades no bairro do que a construção do estádio. “No longo prazo, o polo vai dar muito mais retorno. Os jovens terão a chance de criar softwares e incubá-los na Zona Leste. É um resultado que pode começar a aparecer em 2020”, declara.