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Empresário do interior de SP faz botas com hipopótamo, elefante e arraia

José Bonato

Do UOL, em Ribeirão Preto

24/08/2012 06h00Atualizada em 24/08/2012 11h13

Um empresário do interior de São Paulo conquistou espaço nos negócios em torno da Festa do Peão de Barretos (a 423 km de São Paulo) vendendo botas feitas com couros exóticos.

Olívio Martins, 43, dono da Martins Country, empresa de São José do Rio Preto (438 km de São Paulo), produz calçados com pele de hipopótamo, elefante, arraia, avestruz, pirarucu, jacaré e cobra, entre outros. Os preços vão de R$ 750 a R$ 55 mil o par.

Parte do material é importada da Indonésia e da África do Sul. Os consumidores são de todos os Estados e adquirem os produtos na loja virtual da empresa.

Martins é importador e exportador de couro credenciado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis). Ele afirma que os animais são adquiridos de criatórios, e que o couro importado da África, como de elefante, é proveniente de animais que morreram de forma natural. 

Quem compra uma bota de couro exótico recebe um número de identificação do Ibama comprovando a legalidade do produto, o que é uma exigência em aeroportos internacionais, diz o empresário.

Martins também faz vestidos de noiva por R$ 600 mil. O vestido é fabricado com couro, organza de seda pura, tafetá e brilhantes cor de champanhe, e traz detalhes em ouro e flores feitas com escamas de pirarucu, um peixe amazônico. O modelo tem uma versão mais em conta, que sai por R$ 178 mil.

Já o par de botas vendido a R$ 55 mil, fabricado artesanalmente e sem pregos, utiliza pele de arraia pintada de vermelho e salto encapado com 80 gramas de ouro, cravejado com seis rubis e 46 diamantes. A versão masculina, com biqueira de ouro, custa R$ 17 mil.

Desde 2003 ele participa da festa de Barretos, uma de suas principais vitrines e por onde começou seu negócio, cujas cifras ele prefere não comentar.

Entre clientes, estão Daniel, Paula Fernandes e Fernando e Sorocaba

Segundo Martins, entre os compradores, estão alguns cantores famosos do universo sertanejo e da música baiana, como Daniel, Paula Fernandes, Fernando e Sorocaba, e Ivete Sangalo. Entre os artistas, diz Martins, ninguém pagou valor acima de R$ 10 mil por um par de botas.

Martins também expõe os calçados que fabrica em leilões de cavalos das raças quarto de milha e árabe, locais onde se concentram seus compradores mais endinheirados. "Para quem paga R$ 1 milhão num cavalo, um par de botas de R$ 55 mil não é nada."

Vestido de noiva tem 15 argolas de ouro com 15 diamantes cada

É entre esse público seleto que o empresário busca a compradora do vestido de noiva country, seja o modelo de R$ 178 mil ou o de R$ 600 mil. "As mulheres sempre reclamavam que os homens tinham mais opções de roupas country nos casamentos. Então, chamei um estilista e investi num produto que fosse de couro e, ao mesmo tempo, leve."

O vestido de R$ 600 mil é feito de couro de pirarucu e tem 15 argolas de ouro com 15 diamantes cada, entre outros detalhes. "Eu tenho o croquis de três modelos de vestido para quem quiser", afirma o empresário.

Empresa produz 120 pares por mês, artesanalmente

O empresário emprega oito funcionários e possui capacidade de produção de até 200 pares de botas por mês. Atualmente, fabrica 120 pares em 30 dias. Por ser um produto artesanal, a produção não pode acontecer em grande escala.

"A mão de obra é difícil de treinar. Leva pelo menos 18 meses para aprender", diz.

O tempo de fabricação varia conforme a matéria-prima. Para fazer as botas de pele de arraia, por exemplo, a empresa leva o mesmo tempo necessário para produzir dez unidades com pele de cobra e avestruz. Uma das vantagens do produto, afirma Martins, é a durabilidade.