Japão reduziu padrões de segurança antes de Boeing 787 estrear, dizem fontes
O governo japonês reduziu, em 2008, as exigências de segurança para o Boeing 787 Dreamliner --aeronave que teve os voos suspensos após uma série de incidentes--, de acordo com registros e participantes do processo citados pela agência de notícias Reuters.
No entanto, não há relação direta comprovada entre a decisão do governo japonês de afrouxar as exigências de segurança e os incidentes com a aeronave.
"Nós reduzimos nossos padrões em comparação a outros países. Isso foi uma revisão pragmática", disse à Reuters o chefe de engenharia da Agência de Aviação Civil japonesa, Tatsuyuki Shimazu.
O motivo teria sido acelerar o uso do novo modelo de avião pelas grandes companhias aéreas japonesas, após pressão da All Nippon Airways (ANA) e da Japan Airlines (JAL), e de um esforço para apoiar empresas japonesas que fornecem 35% dos componentes do 787, disseram à Reuters fontes envolvidas nas deliberações.
Segundo a Reuters, a ANA e a JAL se recusaram a comentar o assunto, pedindo que perguntas sobre padrões regulatórios fossem feitas a autoridades de aviação e ao ministério. Representantes da Boeing em Tóquio não foram imediatamente localizados pela agência para comentar o caso.
"Acredito que os pedidos de mudanças tenham vindo inicialmente das companhias aéreas. Em última instância, era uma discussão sobre medidas para reduzir os custos operacionais das empresas aéreas", disse o chefe de aviação da Agência de Exploração Aeroespacial do Japão, Masatoshi Harigae, um dos conselheiros externos que pediram um alívio nos padrões regulatórios.
Em 17 de janeiro, a Autoridade Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos determinou a suspensão, no mundo todo, dos voos com o modelo Boeing 787 Dreamliner, após ocorrerem ao menos seis incidentes envolvendo a aeronave em menos de dez dias.
Série de incidentes
No último incidente registrado, uma aeronave da ANA que fazia o voo entre Tóquio e Ube teve que desviar de sua rota para aterrissar, às 8h45 locais (21h45 de Brasília), 35 minutos depois da decolagem.
Passageiros usam escorregador para sair de avião gigante
A aeronave levava 129 passageiros e oito tripulantes a bordo, e ninguém ficou ferido, segundo o Ministério dos Transportes.
"Durante o voo, o comandante observou um alerta de falha procedente de uma bateria", revelou um porta-voz da ANA.
Histórico de falhas no modelo
No dia 7, em Boston, um 787 da Japan Airlines (JAL) proveniente do Japão teve um princípio de incêndio em terra. No dia seguinte, outro voo da JAL que partia de Boston foi atrasado por um vazamento de combustível.
No último dia 9, um voo da All Nippon Airways realizado por outro Boeing 787 foi cancelado no país asiático por causa de um problema nos freios.
Na sexta-feira, também no Japão, dois incidentes aconteceram a bordo de dois Boeing 787 da ANA: um voo foi cancelado por causa de uma rachadura no vidro da cabine, e outro foi atrasado por causa do vazamento de óleo.
Modelo fez primeiro voo comercial em 2011
Reguladores dos EUA levantaram dúvidas sobre a confiabilidade do 787 em longas rotas transoceânicas, publicou o jornal "Wall Street Journal".
O Dreamliner é o primeiro avião do mundo construído com compósitos de carbono e possui preço de tabela de US$ 207 milhões.
O modelo fez seu primeiro voo comercial no final de 2011, depois que uma série de atrasos de produção deixou as entregas do modelo três anos atrás do planejado. Até o final do ano passado, a Boeing vendeu 848 Dreamliners e entregou 49 unidades do modelo.
O piloto do voo e as autoridades aeroportuárias confirmaram que os indicadores da cabine detectaram um problema em uma das baterias do avião. (Com agências)
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.