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Uniformes criados por estilistas tentam resgatar glamour da aviação

Do UOL, em São Paulo

08/03/2013 06h00

A criação de empresas de baixo custo deixou para trás, há alguns anos, o glamour que sempre foi associado à aviação comercial. Lanches rápidos, muitas vezes pagos, tomaram o lugar dos banquetes que eram oferecidos a bordo. Louças de porcelana foram substituídas por caixas de papelão e talheres de plástico.

Algumas empresas, porém, tentam manter o requinte do passado investindo na imagem de seus funcionários. A prática de contratar estilistas para desenvolver os uniformes das tripulações das companhias aéreas teve início nos anos 1950 e, até hoje, é vista com simpatia pelas empresas (e, provavelmente, por muitos passageiros também).

A primeira coleção de uniformes da brasileira Azul Linhas Aéreas, criada há cinco anos, foi desenvolvida por Isabella Giobbi e inspirada na antiga Pan Am. Após a fusão com a Trip, aprovada nesta semana pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), a empresa decidiu renovar o armário. A nova missão coube à estilista mineira Tereza Santos, que já desfilou suas criações em grandes centros mundiais da moda, como Tóquio, Barcelona e Miami.

Uniformes servem para passar imagem de qualidade

Além de criar uniformes que unissem a imagem das duas empresas e proporcionassem conforto aos funcionários, a ideia da Azul foi resgatar o glamour dos tempos áureos da aviação. Chapéus e echarpes fazem parte da linha.

"Quisemos resgatar o glamour e a fantasia, porque a história da aviação sempre foi relacionada ao sonho, a algo quase inatingível. As equipes que transitam nos aeroportos são admiradas e respeitadas", diz a estilista Tereza Santos, que já tinha desenvolvido uma linha anterior de uniformes para a própria Trip.

Para o diretor de comunicação e marca da Azul, Gianfranco Beting, roupas bem cortadas e desenhadas também ajudam a transmitir credibilidade aos passageiros. "A proposta da Azul é mais baseada no valor do serviço do que no preço da passagem. Queremos projetar uma imagem de qualidade, então não podemos ter um uniforme ordinário", afirma.

O próprio Beting trabalhou com Tereza Santos na criação das estampas da nova coleção. "Existe um histórico de grandes designers que criaram coleções para as companhias aéreas. Quanto mais consciente está em relação à sua imagem, mais a empresa investe no uniforme."

Dior, Pucci, Lacroix e Balenciaga já criaram coleções

Outras companhias aéreas brasileiras já lançaram mão de estilistas para criar coleções para a tripulação. Os uniformes da TAM foram desenvolvidos por Marie Toscano, especializada em criar vestidos de noiva. O estilista Clodovil (1937-2009) foi responsável pelo uniforme dos tripulantes da Vasp por dez anos, a partir de 1963.

A prática também é comum mundo afora. A Air France já teve coleções que levavam os nomes de Christian Dior e Nina Ricci, entre outros, nos anos 1960 e 1970. Christian Lacroix, estilista sueco, é o nome que estampa os uniformes usados atualmente pelos tripulantes.

As companhias aéreas asiáticas e do Oriente Médio, que hoje estão entre aquelas com melhor atendimento do mundo, também investem na imagem de seus tripulantes.

O estilista francês Pierre Balmain criou, nos anos 1960, os uniformes que as comissárias da Singapore Airlines usam até hoje. Os uniformes usados pela tripulação da companhia aérea árabe Oman Air foram desenhados na maison Balenciaga. Os uniformes das comissárias da Emirates foram desenhados pela equipe da marca inglesa Simon Jersey e têm chapéus e lenços que remetem à cultura dos Emirados Árabes.

No passado, outras coleções fizeram sucesso entre passageiros e alimentaram os sonhos das mulheres que queriam virar aeromoças, como eram chamadas as comissárias. O italiano Eugenio Pucci desenvolveu quatro linhas para a extinta companhia americana Braniff, com botas, saias, blusas e meias coloridas. Os uniformes da Pacific Southwest Airlines (PSA) não tiveram assinatura famosa, mas marcaram época por serem compostos por botinhas e saias curtíssimas.