Logo Pagbenk Seu dinheiro rende mais
Topo

Sonegômetro calcula quanto o país perde com golpes para burlar imposto

Sophia Camargo

Do UOL, em São Paulo

05/06/2013 06h00

O Sindicato dos Procuradores da Fazenda Nacional (Sinprofaz) lança nesta quarta-feira (5), em Brasília, o “Sonegômetro”, um placar online que vai apresentar, em tempo real, o quanto o país deixa de arrecadar em impostos todos os dias por causa de sonegação (golpe para fugir de tributos). O placar está disponível na internet.

A contagem da sonegação começa no dia 1º de janeiro e até o lançamento do Sonegômetro terá ultrapassado os R$ 130 bilhões. Segundo cálculos da instituição, com esse valor, seria possível construir mais de 120 mil quilômetros de estradas asfaltadas.

Segundo o presidente do Sinprofaz, Alan Titonelli Nunes, a campanha visa reforçar a necessidade de uma reforma tributária e o combate à sonegação.

Para ele, a alta carga tributária do Brasil (36% do PIB) e a percepção de que os serviços prestados pelo governo com o dinheiro arrecadado são insuficientes fazem com que a tributação seja vista pela população como algo nocivo; e a sonegação, como parte do jogo.

"Isso é um equívoco”, diz. “Como o sistema tributário brasileiro incide mais sobre o consumo e não sobre a renda e o patrimônio, a sonegação acaba prejudicando muito mais quem tem uma renda menor."

Segundo Nunes, quem ganha hoje até dois salários mínimos paga 50% dos seus rendimentos em tributos, enquanto quem ganha acima de 30 salários mínimos paga cerca de 26%. "Não são os mais pobres que conseguem sonegar, mas os mais ricos."

Ele avalia que, ao diminuir a sonegação, a carga tributária poderia ser reduzida em 20%.

Nunes critica também a política governamental de realizar eventualmente programas de parcelamento de impostos, os chamados Refis. Esse tipo de programa, na visão dele, faz com que várias empresas já trabalhem de forma a sonegar os impostos para refinanciar lá na frente, sem juros e de forma parcelada.

Nunes diz que, no último Refis oferecido pelo governo, eles calcularam que, se a empresa tivesse colocado o dinheiro sonegado em uma aplicação e depois tirado para pagar o parcelamento, ainda assim teria sobrado dinheiro. "Quando o governo age assim, ele mesmo alimenta a sonegação."