Graciliano Rocha

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Reportagem

China já acelera compra de soja brasileira em meio à escalada das tarifas

Em meio à escalada da guerra comercial entre as duas maiores economia do planeta, a China já está acelerando a compra de soja brasileira como meio de evitar a produção dos Estados Unidos.

Nessa semana, houve a aquisição chinesa de uma "quantidade incomumente grande de soja brasileira", na definição da Bloomberg - primeiro sintoma visível, no agronegócio, da escalada das tarifas. A soja é a principal base da alimentação de suínos e aves na China.

Pelo menos 2,4 milhões de toneladas de soja foram contratadas no início desta semana — quase um terço do volume médio que a China costuma processar por mês —, segundo noticiou a Bloomberg hoje, com base em pessoas familiarizadas com o assunto, sem identificá-las.

Conforme a agência, o movimento comprador da semana foi "excepcionalmente grande e rápido". O Brasil já é o maior exportador de soja para a China, e os Estados Unidos são o segundo. Metade da receita dos EUA com exportações de soja vem de embarques para a China.

É um movimento importante, mas convém não concluir antecipadamente que a soja brasileira vai substituir toda a produção americana na China.

Entre produtores e exportadores, há uma percepção de que o grão brasileiro pode ganhar mais espaço na China em relação ao americano, mas há uma limitação natural importante: enquanto a soja brasileira abastece os mercados globais no primeiro semestre, a americana é colhida e vendida no segundo semestre.

Dada a volatilidade provocada por anúncios e recuos de Trump sobre a tarifa, ainda prevalece a incerteza entre especialistas sobre como estará o mercado da soja no segundo semestre, quando as lavouras americanas começam a ser colhidas.

O movimento reportado pela Bloomberg, contudo, indica uma busca de alternativas, pelo maior comprador do mundo, para reduzir sua dependência da soja americana.

Câmbio e colheita

Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil já colheu 85% das lavouras de soja plantadas na safra 2024/25. O dado, o mais recente disponível, foi fechado em 6 de abril.

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Enquanto em Mato Grosso, principal produtor do país, 99,5% da colheita já foi finalizada, no RS, onde a colheita começa a acelerar a partir de agora, só 35% da produção já havia sido colhida.

No seu último relatório para a soja, da semana passada, o Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, da Universidade de São Paulo) já havia detectado o avanço da demanda internacional por soja brasileira através do crescimento das negociações no mercado spot no fim de março.

Impulsionadas pela valorização do dólar frente ao real — que torna a commodity mais competitiva no exterior — e pela necessidade de caixa dos produtores para custear a próxima safra, as vendas internas de parte da soja 2024/25 ganharam fôlego nas últimas semanas do mês passado, segundo o Cepea.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do governo federal, citados pelo Cepea, o Brasil embarcou 10,25 milhões de toneladas de soja até o dia 21 de março, um salto de 59,5% em relação a fevereiro. A média diária de exportações no período foi 25,2% superior à registrada no mesmo mês do ano passado.

Do lado da colheita, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) informou que, até 23 de março, 76,4% da área plantada com soja no Brasil havia sido colhida — desempenho superior aos 66,3% observados no mesmo período de 2024 e à média de 66,2% dos últimos cinco anos.

Reportagem

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

117 comentários

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Galindo Hernandez

Nessa guerra entre USA e China que vai ganhar é o Brasil... E ganha porque Lula foi um visionário e trabalhou pela criação dos BRICs lá na 1a década do século, junto com a China, Rússia e Índia. Fez o país sair debaixo da saia dos USA acabando com aquela eterna vassalagem que vinha desde os militares na ditadura até o governo FHC. Quem diria que o ex - torneio mecânico iria ter essa visão pra fazer do Brasil um país soberano e protagonista. Se dependêssemos da nossa "elite", dos nossos economistas e dos nossos políticos da direita, eternos lambe - botas dos USA, tipo Bolsonaro e Tarcísio, estaríamos eternamente naquela vassalagem voluntária aos USA. E hoje sob às ordens de Trump...

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Bernardo Degê

Agora é hora de apoiar China até às custas da indústria nacional. Se por seis meses, digamos, eles nos inundarem com produtos a baixo custo, a população brasileira poderá economizar um cadiquin, e no máximo o governo lançará um subsídio de impostos para nossa indústria segurar as pontas. O mais importante é não deixar EUA vencerem no grito. 

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Jairo Ribeiro

Nada como ter uma aliado como o Trump para desenvolver novos negócios. Viva o Trump!!!

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