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Frango especial é criado com milho orgânico e uma espécie de 'Yakult'

Priscila Tieppo

Do UOL, em Ipeúna (SP)

29/07/2013 06h00

Conhecida pela produção de frangos e ovos orgânicos, a Korin, localizada em Ipeúna (a 191 Km de São Paulo), prepara para os próximos dois anos um aumento de sua produção. A empresa pretende investir R$ 8 milhões na ampliação de seu abatedouro, e passar de 16 mil para 90 mil aves abatidas por dia.

O frango é o carro-chefe da Korin, respondendo por 73% das vendas. Por ano, a empresa vende 9.200 toneladas de carne da ave. O animal é tratado de forma especial, alimentado com milho e soja orgânicos, e com probióticos --substâncias que fortalecem a imunidade delas, com propriedades semelhantes às do Yakult e do iogurte para o homem.

Prestes a completar 20 anos, a empresa foi criada por imigrantes japoneses ligados à Igreja Messiânica, e ganhou autossuficiência econômica. Atingiu a marca de R$ 62 milhões de faturamento em 2012. Até 2007, a igreja financiava os negócios.

A expansão planejada pela empresa neste momento é motivada pelo crescimento nas vendas, e segue uma tendência de consumo por alimentos naturais, diz o diretor industrial Luiz Carlos Demattê Filho.

Conforme levantamento encomendado pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o setor de orgânicos do país movimentou R$ 1,5 bilhão no ano passado --um terço desse valor é atribuído a vendas no exterior. A cifra é considerada o primeiro número oficial desse mercado, que começou, nos anos 1990, para atender um pequeno público em busca de feiras orgânicas.

Custo de produção é mais alto; carne tem consistência diferente

Os frangos da Korin são criados nas granjas de 200 produtores da região de Ipeúna. Segundo Evandro Possamai, gerente de produção, as aves são alimentadas com ração e vegetais, e não recebem antibióticos --medicamento proibido nas criações orgânicas.

As aves são abatidas com 46 dias (com 2,4 kg, em média), quatro dias a mais em comparação às criações convencionais.

Segundo o pesquisador Elsio Figueiredo, da Embrapa Suínos e Aves (SC), a diferente alimentação entre uma criação convencional e a orgânica é responsável pelo tempo que aves levam para ganhar peso e ficarem prontas para o abate. "Isso implica em custos para o produtor", afirma.

O pesquisador informa que para engordar 1 kg, o frango orgânico precisa consumir 3 kg de ração. A ave de granja convencional vai precisar de 1,8 kg de ração para atingir o mesmo peso, segundo ele.

"A ração do orgânico também é mais cara, pois ela é composta de grãos que não passaram por modificações genéticas [transgênicos], mais difíceis de encontrar, e mais caros", diz. O Brasil ocupa a segunda posição em cultivos transgênicos no mundo, conforme a consultoria Céleres.

Figueiredo afirma que a carne do frango de granja costuma ser mais macia, enquanto a do orgânico tende a ser um pouco mais dura, porque a ave demora mais para ficar pronta para o abate. "Isso não significa se é melhor ou pior. É apenas uma diferença na consistência", afirma.

Comércio é restrito, mas consumidor paga mais

Como os custos de produção são mais altos para produzir a ave orgânica, o consumidor também paga mais caro por esse tipo de produto: um frango orgânico inteiro custa R$ 20, em média, enquanto o tradicional sai por cerca de R$ 12 nos supermercados.

Conforme o pesquisador, o produtor de frango convencional encontra um setor organizado para escoar a produção por meio de parcerias firmadas com frigoríficos. "É uma linha industrial que atende à exportação", diz. O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango

O frango orgânico, por outro lado, tem a vantagem do preço maior, do apelo ao alimento natural, mas com comercialização mais restrita, segundo Figueiredo.

Como no passado, as galinhas vivem nos terreiros

As galinhas responsáveis pela produção de ovos (poedeiras) da Korin são criadas em galpão com acesso a um terreiro, onde podem ciscar, comer mato e receber alimentação à base de ração e vegetais. "Dessa forma, as aves podem expressar o comportamento animal delas", afirma Demattê Filho, diretor industrial da empresa.

“Como nas criações de antigamente, elas ficam soltas a manhã inteira, se alimentam de vegetais, e escolhem seus ninhos. No fim da tarde, recolhemos todas para que não sofram com o ataque de predadores”, diz.

Estas condições dadas às aves é parte do que a empresa acredita ser melhor para o animal e para o produto (carne ou ovos) final. “Não tenho como comprovar com dados científicos que a carne e o ovo destes animais são mais saborosos do que os de criações convencionais”, afirmou.

Ao todo, são produzidos anualmente quase 11 milhões de ovos na fazenda da empresa.