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Economia do Brasil terá menor crescimento entre emergentes em 2014, diz FMI

Do UOL, em São Paulo

08/10/2013 10h11Atualizada em 08/10/2013 11h38

O Fundo Monetário Internacional (FMI) manteve nesta terça-feira a projeção de crescimento econômico para o Brasil neste ano, em 2,5%, mas reduziu a estimativa para o próximo ano, de 3,2% para 2,5%. Com isso, o Brasil ocupa a última colocação entre os países emergentes em 2014.

Segundo a entidade, a inflação mais alta reduziu a renda real dos brasileiros e pode pesar sobre o consumo, que vem segurando o crescimento da economia do país nos últimos anos.

Ainda de acordo com o FMI, as eleições presidenciais em 2014 podem atrapalhar o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

  • Arte/UOL

Brasil deve continuar aperto monetário, diz FMI

Em relatório divulgado nesta terça-feira (8), a instituição aponta o Brasil entre os países, ao lado de Índia e Indonésia, que devem continuar com o aperto monetário, “para enfrentar a continuidade de pressões inflacionárias causadas por restrições de capacidade”, as quais tendem a ser reforçadas pela recente desvalorização do câmbio.

Para melhorar as perspectiva de expansão do Produto Interno Bruto (PIB), o FMI destaca a importância de o Brasil remover barreiras ao investimento, mesma tarefa que cabe à Índia. O documento diz ainda que o país está entre os emergentes que precisa “reconstruir o espaço fiscal”, sendo desejável tomar passos decididos nessa direção, dado o fato de que a dívida pública já é elevada.

Mesmo depois de reduzir a previsão de 2014 para 2,5%, a projeção do Fundo segue superior à mediana das instituições ouvidas semanalmente pelo Banco Central (BC), que aponta uma expansão de 2,2%. A estimativa do FMI para 2013 ficou em linha com o projetado pelo mercado, de 2,47%.

Brasil mostra perda de fôlego

No relatório Panorama Econômico Mundial (WEO, na sigla em inglês), o FMI não esmiuça os motivos que levaram à revisão da estimativa de crescimento para 2014. Diz que o Brasil e outros emergentes como China, Índia e África do Sul mostram uma perda de fôlego em parte devido a fatores cíclicos e em parte a fatores estruturais.

No caso de Brasil e Índia, gargalos regulatórios e de infraestrutura desaceleração o crescimento da oferta num cenário de uma demanda doméstica ainda forte. “Como resultado, pressões externas aumentaram nessas economias”. No caso do Brasil, o déficit em conta corrente vem crescendo, atingindo 3,6% do PIB nos 12 meses até agosto. O FMI projeta um rombo de 3,4% do PIB em 2013 e de 3,2% do PIB em 2014.

Ao tratar das perspectivas para o crescimento da economia brasileira neste ano, o FMI diz que “a recente desvalorização do câmbio vai melhorar a competitividade externa e compensar parcialmente o impacto adverso dos aumentos dos rendimentos dos títulos soberanos”. A inflação mais alta, contudo, reduziu a renda real e pode pesar no consumo, enquanto restrições de oferta e incertezas sobre políticas podem continuar a restringir a atividade, afirma o relatório.

Segundo o Fundo, o crescimento do Brasil na primeira metade do ano melhorou devido ao “investimento mais forte, incluindo estoques”. No entanto, observa, indicadores de alta frequência – não mencionados explicitamente – apontam  para alguma moderação da atividade na segunda metade do ano.

Dívida pública

Ao dizer que alguns países precisam reconstruir a margem de manobra fiscal, o FMI nota que em economias como Brasil, China e Venezuela houve aumento de “riscos contingentes ao orçamento e à dívida pública” decorrentes de elevações substanciais em “atividades quase-fiscais e nos déficits” que reforçam a necessidade de agir para ter mais espaço nas contas públicas. É uma referência, no caso brasileiro, aos empréstimos do Tesouro para os bancos públicos como o BNDES, que deve ser mais detalhada no Monitor Fiscal, a ser divulgado na quarta-feira.

O relatório também traz as estimativas do Fundo para a inflação neste ano e no ano que vem, mas considerando a variação média em cada ano. Para 2013, a taxa é de 6,3% e para 2014, de 5,8%. Por esse critério, a inflação do ano passado ficou em 5,4%.

(Com Reuters e Valor)