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Agência vê mais risco de calote a investidores e corta nota do Brasil

Do UOL, em São Paulo

24/03/2014 18h28Atualizada em 24/03/2014 22h17

A agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P) cortou a nota de crédito do Brasil de "BBB" para "BBB-". Isso sinaliza menos confiança para os investidores aplicarem seu dinheiro no país. Entre as razões para a decisão, a agência afirmou que a dívida do governo brasileiro é alta e não há sinais claros de como vai resolver isso. Também há preocupações com o PIB baixo e o endividamento dos consumidores.

A decisão é um problema para o governo Dilma num ano de eleição. O Ministério da Fazenda disse que a redução da nota é "inconsistente" com a realidade da economia e "contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil".

Apesar do rebaixamento, o país ainda ficou num nível de "grau de investimento", ou seja, é considerado um bom pagador, um lugar recomendável para se investir. 

"Nós revisamos a perspectiva do Brasil para estável, não esperamos qualquer mudança adicional no curto prazo", disse a analista da S&P Lisa Schineller. "Estamos muito confortáveis com o Brasil em uma categoria de grau de investimento."

A agência havia informado, em janeiro, que poderia rebaixar a nota da dívida pública do Brasil ainda neste ano, mesmo antes das eleições de outubro. A tendência é de manutenção dessa nota, já que a agência revisou a perspectiva de "negativa" para "estável".

S&P vê dívida alta e "sinais mistos" do governo

Representantes da S&P estiveram no Brasil há duas semanas, para conversar com representantes de empresas e do governo e avaliar a situação econômica do país.

A agência afirmou, em comunicado nesta segunda-feira (24), que a dívida geral do governo brasileiro é alta, e que o governo dá “sinais mistos” de como pretende lidar com a questão fiscal antes das eleições.

A S&P diz esperar que o crescimento brasileiro continue baixo pelos próximos anos, com crescimento real do PIB (descontada a inflação) de 1,8% em 2014 e de 2% em 2015.  A expectativa é de que os investimentos do setor privado também permaneçam mornos, já que continua o sentimento negativo para os negócios, segundo a agência.

O ritmo de gastos das famílias deve diminuir por conta do maior endividamento do consumidor, afirma a agência.

Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores 

Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores. 

Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.

O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.

Cada agência de risco tem uma escala própria de avaliação. A nota "BBB-", pela S&P, indica que o país ainda está no chamado "grau de investimento", que recebeu da S&P em 2008.

Entenda como as agência fazem o cálculo da nota

O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa ou um país.

Ele busca medir a probabilidade de calote de obrigações financeiras. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.

Do ponto de vista econômico, é bastante vantajoso, pois uma vez feito, pode ser utilizado para vários objetivos e por diversas instituições. Com a globalização, o rating se apresenta como uma linguagem universal que aborda o grau de risco de qualquer título de dívida.

Agências de risco falharam na crise

As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.

Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.

O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira.

Ele busca mensurar a probabilidade de calote de obrigações financeiras, ou seja, o não-pagamento, incluindo-se atrasos e ou falta efetiva do pagamento. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.

(Com Reuters)