Agência vê mais risco de calote a investidores e corta nota do Brasil
A agência de avaliação de risco Standard & Poor's (S&P) cortou a nota de crédito do Brasil de "BBB" para "BBB-". Isso sinaliza menos confiança para os investidores aplicarem seu dinheiro no país. Entre as razões para a decisão, a agência afirmou que a dívida do governo brasileiro é alta e não há sinais claros de como vai resolver isso. Também há preocupações com o PIB baixo e o endividamento dos consumidores.
A decisão é um problema para o governo Dilma num ano de eleição. O Ministério da Fazenda disse que a redução da nota é "inconsistente" com a realidade da economia e "contraditória com a solidez e os fundamentos do Brasil".
Apesar do rebaixamento, o país ainda ficou num nível de "grau de investimento", ou seja, é considerado um bom pagador, um lugar recomendável para se investir.
"Nós revisamos a perspectiva do Brasil para estável, não esperamos qualquer mudança adicional no curto prazo", disse a analista da S&P Lisa Schineller. "Estamos muito confortáveis com o Brasil em uma categoria de grau de investimento."
A agência havia informado, em janeiro, que poderia rebaixar a nota da dívida pública do Brasil ainda neste ano, mesmo antes das eleições de outubro. A tendência é de manutenção dessa nota, já que a agência revisou a perspectiva de "negativa" para "estável".
S&P vê dívida alta e "sinais mistos" do governo
Representantes da S&P estiveram no Brasil há duas semanas, para conversar com representantes de empresas e do governo e avaliar a situação econômica do país.
A agência afirmou, em comunicado nesta segunda-feira (24), que a dívida geral do governo brasileiro é alta, e que o governo dá “sinais mistos” de como pretende lidar com a questão fiscal antes das eleições.
A S&P diz esperar que o crescimento brasileiro continue baixo pelos próximos anos, com crescimento real do PIB (descontada a inflação) de 1,8% em 2014 e de 2% em 2015. A expectativa é de que os investimentos do setor privado também permaneçam mornos, já que continua o sentimento negativo para os negócios, segundo a agência.
O ritmo de gastos das famílias deve diminuir por conta do maior endividamento do consumidor, afirma a agência.
Avaliação de agências indica risco de calote aos investidores
Um governo consegue dinheiro vendendo títulos no mercado. Os investidores compram papéis com a promessa de receberem o dinheiro de volta no futuro com juros. Quando um governo tem avaliação ruim, considera-se que há risco de dar um calote e não pagar esses investidores.
Se houver desconfiança sobre essa devolução, fica difícil conseguir vender esses títulos, e o país tem de pagar mais juros aos investidores para compensar o risco maior. O país com mais confiança são os EUA.
O chamado grau de investimento indica aos investidores que uma economia tem baixo risco de dar calote, e que as aplicações financeiras feitas por investidores estrangeiros nesse país terão risco próximo a zero.
Cada agência de risco tem uma escala própria de avaliação. A nota "BBB-", pela S&P, indica que o país ainda está no chamado "grau de investimento", que recebeu da S&P em 2008.
Entenda como as agência fazem o cálculo da nota
O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa ou um país.
Ele busca medir a probabilidade de calote de obrigações financeiras. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.
Do ponto de vista econômico, é bastante vantajoso, pois uma vez feito, pode ser utilizado para vários objetivos e por diversas instituições. Com a globalização, o rating se apresenta como uma linguagem universal que aborda o grau de risco de qualquer título de dívida.
Agências de risco falharam na crise
As agências de classificação de risco, que dão notas para países, empresas e negócios, determinando sua suposta credibilidade financeira, foram muito criticadas por terem falhado na crise global de 2008/2009.
Elas deram boas notas para operações de vendas de hipotecas imobiliárias nos EUA que afundaram bancos e investidores e geraram a grande crise financeira.
O rating, ou classificação de risco, refere-se ao mecanismo de classificação da qualidade de crédito de uma empresa, um país, um título ou uma operação financeira.
Ele busca mensurar a probabilidade de calote de obrigações financeiras, ou seja, o não-pagamento, incluindo-se atrasos e ou falta efetiva do pagamento. O rating é um instrumento relevante para o mercado, uma vez que fornece aos potenciais credores uma opinião supostamente independente a respeito do risco de crédito do objeto analisado.
(Com Reuters)
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