Pela 1ª vez desde crise de 2008, país não economiza verba para pagar juros
O país não conseguiu economizar dinheiro para pagar os juros da dívida pública em maio, de acordo com informações do Banco Central divulgadas nesta segunda-feira (30). As contas do setor público apresentaram resultado negativo total de R$ 11,046 bilhões em maio.
Foi o primeiro resultado negativo desde dezembro de 2008, no auge da crise econômica internacional, quando o deficit havia sido de R$ 20,952 bilhões. Para meses de maio, foi o primeiro deficit desde o início da série histórica do BC, em dezembro de 2001.
Esse resultado se refere a todo o setor público brasileiro (que inclui governo federal, empresas estatais, Estados e municípios). A economia para pagar os juros é conhecida como superavit primário. Como o país não economizou, foi registrado deficit primário.
Só o governo central (composto por Tesouro Nacional, BC e Previdência) teve deficit de R$ 11,1 bilhões. Este dado foi divulgado pelo Tesouro Nacional na última sexta-feira.
Na conta de todo o setor público, são somados ainda os resultados dos governos regionais, que fizeram resultado postivo de R$ 12 milhões, e das empresas estatais, que economizaram R$ 15 milhões.
O resultado foi pior do que o esperado por analistas consultados pela agência de notícias Reuters, que esperavam uma conta negativa em R$ 9,25 bilhões.
Em abril, o país tinha conseguido economizar R$ 16,9 bilhões para pagar os juros da dívida.
No ano, o superavit acumulado alcançou R$ 31,5 bilhões, em comparação com R$ 46,7 bilhões no mesmo período do ano anterior. A meta do governo é de R$ 99 bilhões, equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto).
Entenda o que é o superavit primário
Superavit primário é o quanto de receita os governos conseguem economizar. Esse dinheiro é usado para pagar os juros da dívida pública. Um exemplo desses juros é o lucro que os investidores ganham quando compram títulos do governo.
Obter o superavit primário é importante para conter o aumento da dívida pública e evitar a moratória (calote) no futuro.
A dívida pública é contraída, entre outras situações, quando o governo vende títulos para os aplicadores. Ele promete aos investidores pagar juros a mais no futuro, como acontece com qualquer outro investimento financeiro.
Se o governo não economizar, a dívida pode crescer muito e ele não tem como pagar. Isso caracterizaria o calote.
Fazer muito superavit primário não tem só esse lado bom de guardar dinheiro para pagar as dívidas. O governo realiza essa economia aumentando impostos e deixando de gastar, por exemplo, em investimentos em obras e serviços.
Isso prejudica o crescimento da economia: as empresas investem menos, contratam poucos trabalhadores ou chegam a demiti-los. Tudo isso enfraquece o desenvolvimento econômico.
(Com Reuters)
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