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Entregadores preferem ser autônomos e não querem ter carteira assinada?

Do UOL, em São Paulo

25/10/2021 14h40

Em entrevista na série UOL Líderes, o fundador e CEO da empresa de logística Loggi, Fabien Mendez, diz, que os entregadores de mercadoria que prestam serviço à companhia sempre pediram a liberdade de serem microempreendedores.

Marcelo Marques da Costa, advogado da Associação dos Motofretistas de Aplicativos e Autônomos do Brasil (AmaBR), que trabalha como entregador por nove anos, confirma que a maioria dos motofretistas na Loggi, na categoria Prime, preferem ser MEI a ter carteira assinada. Eles ganham um pouco mais que os outros e têm melhores condições. Mas muitos entregadores da categoria Start, que recebem menos e tem piores condições de trabalho gostariam de ter alguns direitos garantidos, segundo ele.

"É verdade, a maioria dos motofretistas que prestam serviço para a Loggi, na categoria Prime, que ganham um ticket médio um pouco maior que os outros, prezam pela autonomia", afirma.

Mas ele faz uma ressalva: isso não é para todos necessariamente. "A Loggi tem um subcategoria chamada Start, em que nem todos pensam assim. São bem massacrados, explorados. Muitos gostariam de ter alguns direitos garantidos", declara o advogado da associação.

"Na categoria Prime, como advogado, não vejo vínculo trabalhista mesmo. O profisisonal pode rejeitar pedidos e não tem represálias Na categoria Start, há uma série de cobranças. Se o profissional não aceitar corridas, acaba sendo prejudicado", afirma.

Ele afirma que às vezes o entregador tem prejuízos. "Se o cliente se recusar a receber uma mercadoria, como um lanche, o motofretista não pode devolver e tem de arcar com o custo. Ele pode recorrer e provar que não é culpa dele, mas perde o dia inteiro para fazer isso."

Costa diz que a associação é a favor da autonomia, "porém respeita a vontade e aceita todos".

"Sempre digo ao pessoal: se tiver disciplina para separar R$ 100 por mês, ok, pode ser autônomo. Se não tiver isso, melhor ser celetista."

O advogado diz que a entidade se preocupa principalmente com a aposentadoria. "Nossa maior luta é a parte previdenciária. O importante para a gente é o trabalhador ser contribuinte do INSS. E ter o seguro de vida também é importante para dar um apoio à família."