PIB se mantém estável e cresce 0,1% no 3º trimestre de 2023
A economia brasileira se manteve estável e cresceu 0,1% no terceiro trimestre do ano, na comparação com o trimestre anterior. Os dados do PIB foram divulgados na manhã desta terça-feira (5) pelo IBGE.
O que aconteceu
Em relação ao mesmo trimestre do ano passado, o PIB cresceu 2%. Já no acumulado nos quatro trimestres encerrados em setembro de 2023, o crescimento foi de 3,1% (quando comparado aos quatro trimestres imediatamente anteriores). O acumulado do ano (janeiro a setembro) apresentou alta de 3,2%.
O dado veio positivo, mas mostra uma desaceleração da atividade econômica. A expectativa em pesquisa da Reuters era de uma contração de 0,2% no período.
Ainda assim, o ministro da Fazenda Fernando Haddad se mostrou otimista sobre o crescimento da economia brasileira. Ele participou de uma live ao lado do presidente Lula (PT) em Berlim, na Alemanha, e manteve a previsão de crescimento de 3% este ano. Segundo o ministro, com a aprovação das medidas econômicas sendo discutida no Congresso, as pessoas podem acreditar que a economia brasileira ficará "cada vez mais forte".
Em valores correntes, o PIB no terceiro trimestre de 2023 totalizou R$ 2,741 trilhões. O indicador está no maior patamar da série histórica e opera 7,2% acima do nível pré-pandemia, registrado no quarto trimestre de 2019.
Também foram divulgadas as revisões das séries das Contas Nacionais Trimestrais relativas a todos os trimestres do ano passado e dos dois primeiros deste ano. Com a revisão, o resultado anual de 2022 variou positivamente 0,1%. O dado é explicado principalmente pela mudança de pesos do Sistema de Contas Nacionais.
As revisões do primeiro e segundo trimestres de 2023 foram relacionadas à agropecuária. Houve a incorporação das estimativas de novembro do LSPA (Levantamento Sistemático da Produção Agrícola), com o ano já terminando.
Os dados também mostram que a despesa de consumo das famílias aumentou 1,1%, e a do governo, 0,5%. Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, aponta que a alta é explicada por alguns fatores, como os programas governamentais de transferência de renda, a continuação da melhora do mercado de trabalho, a inflação mais baixa e o crescimento do crédito. "Por outro lado, apesar de começarem a diminuir, os juros seguem altos e as famílias seguem endividadas. Houve também a queda no consumo de bens duráveis", afirma.
Houve queda de 2,5% nos investimentos (Formação Bruta de Capital Fixo) ante o segundo trimestre do ano. Trata-se da quarta queda consecutiva, reflexo da política monetária contracionista, com queda na construção e também na produção e importação de bens de capital analisa Rebeca.
Destaques dos setores econômicos
Em relação ao segundo trimestre do ano, os setores de Serviços e Indústria foram os destaques; ambos avançaram 0,6%. Por outro lado, a Agropecuária recuou 3,3%.
Das sete atividades analisadas dentro do setor de serviços, seis apresentaram alta. Segundo Rebeca, os maiores aumentos percentuais vieram das atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,3%) e as imobiliárias (1,3%). O setor de serviços representa cerca de 67% da economia brasileira.
Entre as atividades industriais, o crescimento foi do setor de eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos (3,6%). Os dados foram influenciados pelo crescimento no consumo de energia. Rebeca destaca que está sendo um ano bom para o setor, sem problemas hídricos e com bandeira verde. "Também foi muito quente, o que favoreceu o consumo de eletricidade e de água", diz.
As indústrias extrativas e as indústrias de transformação ficaram estáveis. A única atividade industrial que apresentou retração foi a construção (-3,6%). A coordenadora explica que 2023 não está sendo um ano bom para a atividade por conta dos juros altos, queda na ocupação e produção de insumos típicos e no comércio de material de construção. No acumulado do ano, o recuo é de 0,9%.
A queda da agropecuária aconteceu após cinco trimestres com taxas positivas. A pesquisadora pondera, no entanto, que o resultado já era esperado e a atividade acumula alta de 18,1% até o terceiro trimestre do ano.
Newsletter
POR DENTRO DA BOLSA
Receba diariamente análises exclusivas da equipe do PagBank e saiba tudo que movimenta o mercado de ações.
Quero receberA agropecuária atingiu o seu maior patamar no trimestre passado e neste há a saída da safra da soja, a maior lavoura brasileira, que é concentrada no primeiro semestre. Então há a comparação de um trimestre em que há um grande peso da soja com outro em que ela não pesa quase nada.
Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE
Deixe seu comentário