Fitch acredita em ajuda do governo à Petrobras na "adversidade"
(Reuters) - A agência de classificação de risco Fitch avaliou nesta sexta-feira que o governo brasileiro irá oferecer apoio direto e indireto à Petrobras durante "tempos de adversidade", devido à importância da estatal para o governo.
A Fitch espera que a estatal possa acessar recursos do BNDES, como já fez no passado, caso precise de uma injeção de liquidez para ajudar a cobrir um potencial déficit no fluxo de caixa no curto prazo.
A Petrobras está no centro de um escândalo bilionário de desvio de recursos investigado pela Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
"O governo brasileiro tem buscado objetivos macroeconômicos e sociais através de controles de preços da gasolina e do diesel, e dirigiu Petrobras para auxiliar na criação de emprego local, através da implementação de requisitos de conteúdo local potencialmente não rentáveis ", disse o diretor sênior da Fitch Lucas Aristizabal.
A agência disse, em relatório sobre as 10 companhias mais negociadas em bolsa na América Latina, que não espera que a Petrobras irá acessar o mercado internacional de dívida em 2015.
"A companhia já anunciou medidas para preservar a liquidez", lembrou a Fitch.
A agência estima que a Petrobras necessite de pelo menos 15 bilhões de dólares em recursos para preservar a liquidez, cobrir os 11 bilhões de dólares em dívida que vencem em 2015 e para qualquer déficit no fluxo de caixa livre que a companhia venha a registrar como resultado de seu agressivo e rígido programa de investimentos.
Todas as adversidades poderiam ser cobertas com os 29 bilhões de dólares que a empresa tinha em caixa, de acordo com dados relativos a 30 de setembro de 2014.
No início de fevereiro, a Fitch rebaixou os ratings da dívida da Petrobras em moeda estrangeira e local para "BBB-" ante "BBB", e simultaneamente colocou a petroleira em observação negativa, o que significa que um eventual novo downgrade pode ocorrer em um prazo de três a seis meses.
Se houver um novo corte na nota, a Petrobras passa para grau especulativo, já que a sua atual classificação é a mais baixa dentro do grau de investimento.
(Por Gustavo Bonato, em São Paulo)
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