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Dólar pode bater recorde ou despencar, dependendo de impeachment de Dilma

Narong Sangnak/Efe
Imagem: Narong Sangnak/Efe

Silvio Cascione e Bruno Federowski

17/03/2016 14h57

BRASÍLIA/SÃO PAULO, 17 Mar (Reuters) - O dólar comercial pode cair ao menor valor desde meados do ano passado, ou bater novos recordes, dependendo do desfecho do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, segundo pesquisa da agência de notícias Reuters que ilustra a incerteza sobre a crise política.

A pesquisa com 20 economistas e estrategistas em bancos e consultorias mostrou que as projeções para a taxa de câmbio no final deste ano podem variar brutalmente, de R$ 2,50 a R$ 5,00, dependendo da permanência ou não de Dilma na Presidência.

A pesquisa foi realizada entre os dias 14 e 17 de março, possibilitando aos participantes alterar suas projeções após a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para a Casa Civil e a divulgação de gravações telefônicas entre ele e Dilma na noite de quarta-feira.

Maior chance de impeachment

Com a economia afundada na pior recessão em décadas e a liderança do PT e outros políticos envolvida em enorme escândalo de corrupção, analistas afirmam que aumentaram as chances de que a presidente Dilma seja removida do cargo pelo Congresso nos próximos meses.

Caso esse cenário se confirme, a maioria das projeções para a taxa de câmbio ao final do ano variou entre R$ 3,20 e R$ 4,20, com a mediana a R$ 3,50, cotação mais baixa desde agosto. Um economista projetou o câmbio a R$ 2,50.

O seguro contra calote da dívida brasileira de 5 anos, indicador de risco conhecido como Credit Default Swap, cairia para a mínima desde agosto nesse cenário, a 320 pontos, ante cerca de 400 atualmente, segundo a mediana das projeções na pesquisa.

Sem impechment, dólar deve subir

Se a presidente permanecer no cargo neste ano, a taxa de câmbio poderia chegar a R$ 4,25, segundo a mediana das projeções. A maioria das estimativas nesse caso ficou entre R$ 4,00 e R$ 4,50, mas três previram uma taxa muito perto ou exatamente em R$ 5,00.

A maior cotação do dólar, para fechamento, foi de R$ 4,1655 no dia 21 de janeiro deste ano.

O CDS de 5 anos, com a continuidade do impasse político, chegaria a 520 pontos, segundo a mediana na pesquisa.

A dispersão das estimativas mesmo em uma amostra relativamente pequena ilustra a incerteza provocada pela crise política e a recessão profunda nos mercados. Há duas semanas, outra pesquisa da Reuters projetava a taxa de câmbio a R$ 4,25 em 12 meses. 

Cerca de dois terços dos participantes da pesquisa (13 especialistas), esperam que Dilma deixe a Presidência este ano, e o resto acredita que ela permaneça. A proporção é parecida com as probabilidades calculadas por consultorias como Eurasia e Arko Advice.

Intervenção do Banco Central

Apesar da instabilidade, o Banco Central deveria reduzir a intervenção no mercado de câmbio, segundo a pesquisa, que foi fechada pouco antes da autoridade monetária informar que reduzirá a intensidade das rolagens diárias.

Onze de 17 participantes que responderam a uma pergunta extra disseram que o BC deveria começar a reduzir o estoque de swaps cambiais (venda de contratos de dólar no mercado futuro) do mercado ao longo do próximo mês, rolando entre 30% e 97% dos contratos vendidos nos últimos anos para aplacar a instabilidade do mercado.

Nos últimos sete vencimentos mensais dos contratos, o BC rolou integralmente os swaps.

Os profissionais de mercado concordaram em participar da pesquisa se as respostas individuais permanecessem confidenciais. Quinze deles trabalham no Brasil, e o resto está na Europa e nos Estados Unidos.

(Edição de Patrícia Duarte)

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