Interesse na BR Distribuidora cresce após Petrobras mudar modelo de venda, diz diretor
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras viu crescer o nível de interesse do mercado na BR Distribuidora após anunciar sua decisão de abrir mão da maioria do capital votante (parcela do capital da companhia representado por ações com direito a voto) da empresa de combustíveis, afirmou nesta quinta-feira (12) o diretor da Área Financeira e de Relacionamento com Investidores da petroleira, Ivan Monteiro.
Antes, a empresa previa vender uma fatia menor na companhia. Mas em julho a estatal anunciou a intenção de ficar com uma participação de 49% do capital votante, permanecendo ainda majoritária no capital total.
Monteiro evitou citar os interessados na companhia de combustíveis, um ativo importante no processo de desinvestimentos da empresa para levantar recursos visando reduzir o enorme endividamento.
A Petrobras busca uma precificação da BR Distribuidora, que faturou R$ 118 bilhões no ano passado e possui a maior rede de postos de combustíveis do país, entre R$ 30 bilhões e R$ 40 bilhões, disse uma fonte anteriormente à Reuters.
Além da BR, a empresa tem notado grande interesse em seus campos de petróleo terrestres e na Liquigás, subsidiária da Petrobras no setor de distribuição de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), todos ativos colocados à venda, acrescentou Monteiro durante entrevista a jornalistas para comentar os resultados do segundo trimestre.
As negociações da Petrobras para a venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), de gasodutos, com a Brookfield, permanecem em andamento, segundo o diretor.
A companhia prevê a venda de US$ 15,1 bilhões no biênio 2015-2016, sendo que a venda da BR Distribuidora ficou para o próximo ano.
A conclusão do plano de desinvestimentos, segundo executivos da empresa, é essencial para lidar com uma dívida bilionária, que coloca a companhia como uma das mais envididadas do mundo.
Entretanto, Monteiro frisou que a atual diretoria da petroleira está trabalhando firme e entregando resultados, como a renegociação de dívidas, aumento da produção, redução de custos e cumprimento de metas traçadas, em busca de maior previsibilidade.
Segundo o executivo, o mercado terá uma melhor visão de futuro sobre a Petrobras quando o plano de negócios da empresa for publicado, o que está previsto para acontecer em meados de setembro.
"Do nosso ponto de vista, a companhia está se tornando muito mais previsível, evidente, a gente ainda enfrenta dificuldade, porque o nível de dívida da companhia ainda é muito alto... (o endividamento) ainda está em um patamar muito elevado e nos obriga a manter o nível de liquidez muito alto", afirmou Monteiro.
O diretor destacou que a empresa tinha uma concentração muito forte de vencimento de dívidas no primeiro semestre, em especial no primeiro trimestre, e então aproveitou para realizar duas grandes operações, em que a companhia resgatou papéis de mercado e realizou emissões.
"Essas operações foram muito bem recebidas e a gente conseguiu, nesse movimento, retirar de (20)16, (20)17, (20)18 e (20)19, 10 bilhões de dólares", afirmou Monteiro.
No campo da redução de custos, a diretora de Exploração e Produção (E&P) da petroleira, Solange Guedes, reafirmou que a empresa está trabalhando na renegociação de contratos da área, que registrou aumento de gastos no primeiro semestre com volume grande de sondas ociosas.
Segundo a executiva, os resultados da área de E&P já serão muito melhores no segundo semestre.
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