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Bovespa cai pela 4ª vez com balanços e EUA, mas ainda sobe 7% em julho

30/07/2014 17h50

A Bovespa encerrou em baixa pelo quarto dia consecutivo nesta quarta-feira, após um pregão volátil em função da agenda carregada de eventos, com balanços, reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e indicadores relevantes como o PIB americano e o resultado do governo central no Brasil.

O Fed confirmou as expectativas do mercado, ao reduzir o seu programa de recompra de títulos em US$ 10 bilhões, para US$ 25 bilhões mensais. A sinalização de que os juros permanecerão baixos ainda por um bom período também foi mantida.

Mais cedo, os mercados chegaram a se estressar com a divulgação do PIB do segundo trimestre, que avançou 4%, acima da expectativa de 3% dos economistas. O dado forte alimentou as especulações de que o Fed pudesse antecipar o ciclo de aperto monetário.

No cenário interno, chamou atenção do déficit de quase R$ 2 bilhões do governo central em junho. Além disso, o mercado aguarda a divulgação de cinco pesquisas estaduais realizadas pelo Ibope, mas que incluem sondagem de votos para presidente da República.

"O Fed voltou a afirmar que os juros devem continuar baixos. Foi mais do mesmo", comentou o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. "O PIB americano deixou o mercado com nervos à flor da pele pela manhã, com medo de alguma mudança na sinalização do Fed. Houve pressão no câmbio e queda na bolsa. Mas a verdade é que o número não foi tão forte assim. Houve efeito de acumulação de estoques", analisou o especialista.

O Ibovespa caiu 0,42%, aos 56.877 pontos, com volume de R$ 5,219 bilhões. Faltando apenas um pregão para o encerramento de julho, a bolsa acumula alta de 7% neste mês. No ano, o ganho está em 10,4%. Somente neste semana, o índice já recuou 1,6%, na primeira semana negativa após quatro semanas seguidas de alta.

Petrobras PN (1,17%, a R$ 19,85) foi destaque de alta entre as ações de maior peso no índice, enquanto Vale PNA (-1,43%, a R $ 28,93) devolveu ganhos recentes. Itaú PN (0,47%, a R$ 35,84) e Bradesco PN (-0,51%, a R$ 34,91) seguiram caminhos opostos e Ambev ON terminou estável, a R$ 16,40.

No topo do índice ficaram Marfrig ON (4,71%), Vivo PN (2,48%) e Santander Unit (2,22%). O Santander Brasil confirmou nesta quarta-feira que mantém negociações com o Banco Bonsucesso, mas afirmou que nenhum acordo foi fechado até o momento. Em comunicado ao mercado, o banco citou que "está analisando alternativas para reforçar sua atuação no crédito consignado", o que justifica as conversas com o Bonsucesso.

A Vivo apresentou hoje lucro de R$ 1,99 bilhão no segundo trimestre, um aumento de 118% sobre o mesmo período do ano passado. O resultado foi inflado por um ganho fiscal de R$ 1,2 bilhão decorrente da medida provisóri a 627, que trata da tributação de lucros no exterior das controladas de multinacionais. O dividendo gordo do papel está entre os atrativos, uma vez que a empresa vai distribuir 95% do lucro no período.

Na ponta negativa do mercado ficaram outras empresas que divulgaram balanços: Cielo ON (-4,74%), Souza Cruz ON (-4,13%) e Gerdau PN (-2,55%). Ainda que o lucro da Cielo tenha avançado 25,9% no segundo trimestre, para R$ 796,8 milhões, as ações recuam em meio a preocupações sobre o avanço de gastos nos próximos trimestres. "Os resultados do segundo trimestre poderiam ter sido ainda mais forte, não fosse a desaceleração nos volumes de transações em junho (dada a Copa do Mundo) e os altos investimentos (afetando despesas)", escrevem os analistas do BTG Pactual, em relatório.

Já a Souza Cruz apresentou queda de 9,8% no lucro, para R$ 393 milhões. A visibilidade no crescimento dos resultados da companhia está menor e as restrições de venda estão maiores, na opinião do Goldman Sachs. Segundo a casa, os números do segundo trimestre de 2014 vieram abaixo do esperado em termos de vendas e de lucro. O banco afirma, no entanto, que nem tudo foi ruim no balanço, considerando os ganhos de participação de mercado e melhor retenção no volume, quando comparado com as vendas ilegais de cigarros.

A Gerdau, por sua vez, teve ganho líquido de R$ 356,5 milhões, com queda de 8,7% em relação ao mesmo período de 2013. Ao comentar os resultados e as expectativas para os próximos meses, o vice-presidente e diretor de relações com investidores da Gerdau, André Pires de Oliveira Dias, disse que o cenário para a venda de aços especiais no Brasil " segue desafiador" no terceiro trimestre. De acordo com ele, a situação só deve melhorar quando caírem os estoques da indústria automotiva, principal consumidora da matéria-prima, que estão em níveis "historicamente altos".

O diretor-presidente do grupo, André Gerdau Johannpeter, disse que o quadro segue indefinido no país em função da desaceleração da economia doméstica e da queda das exportações para a Argentina, maior importadora de veículos fabricados no Brasil. Com isso, de acordo com ele, os estoques na cadeia de produção de aços especiais ficaram "acima do esperado" desde o quarto trimestre do ano passado. Em função do desaquecimento do mercado interno, a Gerdau decidiu conceder férias para "algumas turmas" em "algumas usinas" no Brasil.