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FGV: Indicadores continuam a sinalizar piora do mercado de trabalho

08/10/2014 08h52

Dois indicadores apurados mensalmente pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) continuaram a sinalizar tendência de piora do mercado de trabalho. O primeiro deles, o Antecedente de Emprego (IAEmp) caiu 2,7% em setembro, na comparação com agosto, e atingiu 71,6 pontos, pior marca desde maio de 2009. Foi a sétima queda consecutiva do índice, que tenta antecipar a oferta de trabalho no país. Os dados têm ajuste sazonal.

O processo de ajuste do mercado de trabalho parece estar ganhando força, segundo Fernando de Holanda Barbosa Filho, pesquisador da FGV/Ibre. "A contínua redução nas projeções de contratações futuras mostra que o desânimo em relação ao crescimento da atividade econômica está se disseminando em ritmo mais forte. Em especial, observa-se grande pessimismo no setor de serviços, o maior responsável pelo bom desempenho do emprego nos últimos anos. Neste sentido, o cenário não parece animador", afirmou, em nota.

A queda do indicador antecedente foi provocada pela deterioração da confiança da indústria e dos serviços. Enquanto a primeira já vem demitindo há algum tempo, o segundo tem sido até recentemente o grande responsável pela manutenção da baixa taxa de desemprego no país. O item que mede o grau de otimismo dos empresários do setor industrial em relação à tendência dos negócios nos próximos seis meses teve queda de 7,4%. Já a opinião dos empresários do setor de serviços sobre a absorção futura de mão de obra recuou 4,2%.

O segundo indicador divulgado pela FGV, o Coincidente de Desemprego (ICD) subiu pela sexta vez consecutiva, ao variar 1,4% entre agosto e setembro de 2014, considerando-se dados livres de influências sazonais. A alta mais acentuada nos dois últimos meses sinaliza que o consumidor brasileiro vem percebendo uma efetiva piora do estado geral do mercado de trabalho, diz a FGV.

"O indicador coincidente da taxa de desemprego reforça a tendência de enfraquecimento do mercado de trabalho, indicando elevações futuras da taxa de desemprego. No acumulado dos últimos três meses, a taxa de desemprego tende a aumentar para todas as faixas de renda. Mesmo na classe de renda mais baixa observamos uma elevação do índice de 4,4%", afirma Barbosa Filho.

O ICD tenta captar a percepção do entrevistado - em quatro classes de renda familiar - a respeito da situação presente do mercado de trabalho. As classes que mais contribuíram para a alta do indicador foram as duas mais altas: a primeira mais alta, dos consumidores com renda acima de R$ 9.600.00, em que houve variação de 3,8%; e a segunda mais alta, dos consumidores em famílias com renda entre R$ 4.800.00 e R$ 9.600.00, com variação de 1,6%.